quinta-feira, 3 de maio de 2012

A MANIA DE ESCREVER ME LIBERTA, por João Maria Ludugero



Eles invadiram minha casa,
podaram árvores, cortaram flores
apagaram os muros, 
cimentaram ofendículas,
eletrificaram cercas e arames,
travaram portas e tramelas,
fortificaram a cela, amordaçaram-me até à prisão.
Trancaram meus livros no arquivo morto. 
Coitados. Eles pensam que me venceram,
mas esqueceram de lavar meu cérebro
e o coração, este não sofreu nenhum transplante.
E lá estava eu diante da solitária. 
Trouxeram água, pão e mais nada.
Havia ali apenas um toco de lápis... e o papel do pão. 
E ter um papel e um lápis já é um consolo.
Rasgaram minhas vestes, vendaram meus olhos,
algemaram meus passos, tentaram me isolar.
Havia, porém, um lápis e um papel,
além da parede caiada. 
Mantive-me são na gaiola, sem desespero nem sede,
não me abateu fome nem me rendi à solidão. 
Parede, papel e lápis,
eles desconhecem
o poder desses instrumentos!
Eles me dão penas, mas posso
com estes renovar as asas cortadas
e, sem titubear, voo além da cela
ao escrever meus poemas!

Um comentário:

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Realmente a poesia solta tudo o que nos alegra e dói...somos livres em cada palavra que deitamos ao vento.

Deixo um beijinho com carinho
Sonhadora

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