Um dia acende-se
o vazio do cenário,
cai o pano sobre o palco,
desencanto.
Evaporam-se as palavras
dos teus olhos,
Um canário expira
à beira do lusco-fusco.
Depois
não haverá antes nem depois,
apenas um silêncio oco sem lume,
um perfume evolando pela quebra,
folhas secas levadas pelo vento afora.
Resta o pó,
a poeira das horas,
antes do ruido do pano calar o aroma
que tua boca desenha e comporta,
sempre que em silêncio
percorro a estadia,
e me lambuzo no mel da tua boca,
onde ecoa o mais verdadeiro céu.
Um dia ainda aquarelo este quadro
que o marejar da saudade desbota
toda tarde quando o sol se deita
sob o espiar profundo
dos meus olhos d'água.
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