domingo, 28 de setembro de 2014

VÁRZEA-RN: MINHA VELHA INFÂNCIA, por João Maria Ludugero

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 



VÁRZEA-RN: MINHA VELHA INFÂNCIA,
por João Maria Ludugero

Belas tardes amenas da Várzea
De madrinha Joaninha Mulato,
Plenas de sol e de cigarras
Desde o alvorecer dos ariscos
Ao anoitecer diante das palmeiras
De São Pedro Apóstolo...

Quando eu ficava horas perdidas
Em roda de conversa na praça do Encontro
Onde iam e vinham os bem-te-vizinhos,
No frondoso tronco da algarobeira.

As onze-horas
Eram um multicolorido tesouro,
Quando floriam, após um estouro
De áureas abelhas
Tudo solenemente zumbia
Na praça Kleberval Florêncio
Enquanto o chão-de-dentro aflorava contentamento...

Merenda agreste:
Soldas, beijus e tapiocas,
Beiju ao leite de coco,
Brotes feitos em casa,
Com mel dourado,
Cheirando a favo,
Além das bolachas, biscoitos, bolachões
E regalias, sem esquecer dos pitéus trazidos à tona
pelo inesquecível Plácido 'Nenê Tomaz' de Lima!

Ao lusco-fusco, quanta alegria!
A medonha meninada toda em estripulia
Para cantar, no imenso terreiro potiguar
Debaixo do jasmim-manga em flor
da Escola Dom Joaquim de Almeida:
Mais bom dia, gente varzeana!
Desde o Ximbimba, irmão de Vira de Lucila de Preta,
A correr dentro em bons ares pelas quatro bocas...
Soava a cantiga pelo interior inteiro
E a própria tarde cirandava e sorria
Até adentrar na noite junto ao Recanto
Do Luar de Raimundo Bento...

Se a tarde de domingo era tranquila,
Saía-se a passear, em pleno sol,
No Estádio João Aureliano de Lima.
Alegria de correr até cair esbaforido,
Rolar na Várzea como potro novo
E quase sufocar, de tanto sorrir!

No riacho do Mel, às segundas-feiras,
Animadas batiam roupas as lavadeiras.
Também a gente levava trapos em furdúncio
Nas pedras lisas, nas corredeiras dos Ariscos
De Virgílio Pedro, do Umbu aos açudes
Dos lajedos das vertentes dos Seixos de dona Santina,
Aonde a gente catava cajus, mangas, umbus, tamarindos,
Castanhas, batatas-doces, cajás, canas-caianas ou curimbatórias,
Topava sapos cururus, preás, carás, caçotes e jias em limo
(Ai, ai, que susto! Virgem Maria!)

Do tempo, só se sabia
Que no ano sempre existia esperança a correr dentro
Do bom tempo dos cajás-mangas, das laranjas-cravos
E o doce tempo das pitangas lá no Maracujá de dona Melisinha...
Longínqua velha e doce infância... Várzea das Acácias,




Plena de sol, pitombas, jabuticabas, tanajuras e de cigarras!

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