quarta-feira, 6 de junho de 2012

CÉU ABERTO, por João Maria Ludugero


Queria ser aquele pássaro azul 
que ao cantar seu mavioso encanto 
chama a chuva, ainda que inconstante e breve. 
Queria abrir as cortinas das nuvens
 fazer a chuva cair cheia do céu... 
Queria ser um farfalhar de relampejos
 a alumiar o chão da minha Várzea.
 Entrar, invadir as casas, trazer a chuva
 para molhar os campos do Vapor,
 molhar os seixos, os lajedos
 e as macambiras em flor. 
Ah, coração varzeano,
 bem sei de onde vens, 
bem sei por onde andaste. E como sei... 
Vens das bandas dos verdes ariscos, 
 dos sítios aromáticos do Itapacurá,
 onde as mangueiras florescem,
 onde há pitombas, cajueiros e mangabas.
 Vens da ribanceiras
 lá da beira do Joca,
 rio de água salobra, 
onde os coqueiros se aprumam
 e se curvam aos beijos do vento
 e onde, em noites de lua cheia, 
longe e perto, passeia o carro encantado
 rondando pelas ruas por onde perambula
 a mulher que chora: lenda viva,
 espírito do ar noturno da Várzea de ontem. 
Ah, como eu quero ser essa chuva bendita 
que invade as ruas, becos 
 e telhados das casas caiadas 
 da minha Várzea das Acácias! 
quero encher o Calango, escorrer pela vargem, 
sangrando em esperanças novas,
 a molhar o agreste chão.
 Muito me agrada andar em tua companhia, 
porque eu te quero muito bem, 
doce chuva de São Pedro, 
que inunda meu peito, 
me deixa todo contente 
 e assim tão agradecido, satisfeito
 a contemplá-la escorrendo pelo céu aberto.

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