quinta-feira, 20 de setembro de 2012

QUE ÍCARO QUE NADA!, por João Maria Ludugero

Ainda me resta a palavra que ecoa
da tua boca de seda em carmim
que me deixa lúcido 
que tanto me envenena 
que me acende o olhar 
a voar mais longe,
bem dentro do céu 
que me comporta
ao me achar e me perder 
na tua boca.
Dobro os joelhos consentido,
escavo, escrevo versos afoitos
deixo-me escorrer ao teu umbigo,
encolho os ombros a te servir
deito meus olhos, pra todo dia 
poder olhar o mundo e ver, 
por Santa Luzia,
rezo, faço da poesia um canto 
alegre esvoaçar de pássaros
atravessando a aridez do agreste. 
Quero mais sim,
hoje careço recobrar as asas, 
ser mais que um Ícaro, derreter a cera, 
sem medo de perder o juízo, apenas
ir rumo ao sol, girar bem alto e dentro...
Mas, se chegar a cair,  
prometo a mim mesmo, sem penas, 
estou pronto pra colar meus cacos.

UM PASSADO A LIMPO: AVE QUE SAUDADE DO MEU LUGAR DE DIAS SIMPLES... DIAS TÃO BONS!, por João Maria Ludugero

Os últimos raios do sol
tingiam de vermelho todo o céu da Várzea.

Nervuras douradas no poente, 
alaranjando um pouco acima do horizonte
a noite já vestindo de sombras o açude do Calango,
onde cintilava maravilhosa a enorme lua cheia,
gigante tapioca solitária disposta ao léu.
Um magote de crianças jogava bola na Vargem,
Enquanto eu seguia rumo à padaria de seu Nenê Tomaz,
de quando em quando, parando 
para contemplar as andorinhas
que voavam numa dança, em frenesi
brincando de vôos rasantes 
e voltando às copas das duas palmeiras de São Pedro.
A tarde parecendo um sonho...
Então ... um sonho colorindo toda a minha infância,
toda a saudade que me acorda naqueles dias 
de onde sonhava com o futuro único.
O velho sino da igreja badalava as seis horas... 
Então, alguns escutavam o radinho-de-pilha de seu Nezinho.
Era a hora do Ângelus , a Ave-maria
cobria toda a pequena Várzea como um manto
e até hoje me veste das mais doces lembranças!
Ave-Maria, que saudade daquelas tardes amenas 
na calçada de igreja de São Pedro...
Que tempo maravilhoso! Ave que alegria no presente!
Ave como creio no futuro de dias melhores que virão para a nossa Várzea!

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