sábado, 27 de outubro de 2012

O POETA NU, por João Maria Ludugero


E por falar em nudez, 
sabe-se que em gemidos singulares 
de nudez fomos feitos, 
sem nenhuma vergonha. 
Num marejar de lágrimas de nudez partiremos 
de cabeça feita, afoitos.
Entretanto, o corpo hiberna sentenciado
na condenação ao pudor desejado. 
Fecha-se como um juízo de páginas censuradas. 
Como um jardim de ninfas amaldiçoadas, castra-se. 
Como o medo que se acabrunha insone
num cálice de fogo glacial.
Escrevo-me despido de composturas,
tal como este poema livre de vestes ou rimas, 
sou princípio de lágrima presa na garganta. 
O poema, esse, desconhece a nudez das fênix.
Adentro-me, leio-me 
como palavra nunca pudica, indiscreto,
Disposto a me despir 
da efêmera beleza 
de ser apenas do/ente.

FARINHADA, por João Maria Ludugero


Chamei Ana Moita, Pau pedra
Picica, Xinene e Vira de Lucila 
fomos todos para o oitão
lá pra casa de farinha dos Marreiros
com caçuá, balaio e enxada
a jumenta encangalhada
ganhou ares de arisco
e fomos todos pra lá do Riachão
atiçados a fazer a farinhada
Carmosina lava a gamela
Elina de pinga-fogo raspa a mandioca
outra massa está na prensa
a manipueira escorre amarela
depois da goma assentada
Graça de Thor prepara a tapioca
a fornalha já está quente
Maria Gomes fica na peneira
acho que está tudo pronto
pra tocar a farinhada!

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