sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

ONDE ACHAR UM AUTÊNTICO SORRISO? por João Maria Ludugero

ONDE ACHAR UM AUTÊNTICO SORRISO? 
por João Maria Ludugero.

Ganhei o meu sorriso naquele caminho do riacho do mel
que não chegou ao meu horizonte de esperanças novas. 
Procurei nos Seixos, escondido entre os juazeiros, 
no casebre indeciso que o sol abrigou no lajedo...

Até na poeira da estrada gerada 
pelo paradeiro que a ventania arrastou…
Mas o sorriso bem que se mostrou, escancarado.
Encontrei, no corredor da casa de farinha, 
um papel amarrotado pelo tempo ao desvão
que me foi atirado para um canto da imaginação, 
de um lado tinha escrito um acorde de sonhos,
do outro tinha a palavra saudade de dona Santina… 

Voei inteiro até fora da asa pela lembrança a correr dentro…
Mas do sorriso, ainda vivo, ele me deu notícias! 
Derramei o olhar sobre uma janela aberta ao sol,
transbordei os sentimentos no interior das manipueiras, 
Mas os olhos estreitaram-se na palavra incerta, 
escondida no frasco onde a rosa seca se esbugalhava,
chorando de mágoas numa cela de arame farpado, esvaída! 

Mas o sorriso pujante…ainda não encontrou saída! 
Tomei, então, a liberdade de me agarrar no pó dos dias, 
espalhado na estrada abandonada e no vento dos jasmins, 
essência da pouca vaidade do ser, acocorado nas ramagens das árvores, 
eu refiz meu ninho de sol entrançado pelas águas do açude do Calango... 

E quando o pintassilgo da razão se aninhou no bolso de trás 
das minhas desgastadas calças de algodão, tomei conta do passo,
encontrei o sorriso na vontade contente à solta, 
na face exposta de um eterno menino varzeano, jamais cabotino,
que se cura, apesar das medonhas estripulias extasiadas ao lume
deste ser arteiro poeta que ama de paixão sua Várzea das Acácias...

SOBREVIVENTE, por João Maria Ludugero



SOBREVIVENTE, por João Maria Ludugero.


E de repente, junto de mim apareceu 
Um anjo na forma humana,
Em suas mãos eu vi 
Uma enorme lança iluminada.
E na sua ponta de prata, 
Vislumbrava-se um fogo divino. 
Eu senti várias vezes como se o anjo 
A embutisse várias vezes no meu peito, 
De forma que acertou um aneurisma aórtico, 
Devolvendo-me todas as minhas vidas...
E me deixou animado totalmente costurado 
Com o grande amor de Deus.
A dor imensa me fez gritar ao silêncio 
E reviver várias vezes, resignado.
Estou vivo, a comemorar tamanho desfecho, 
Sob as graças do Supremo Arquiteto da Vida!

CASAL EM NÚPCIAS E UM BUQUÊ EN/SOL/ARADO EM LUA-DE-MEL..., por João Maria Ludugero


CASAL EM NÚPCIAS E UM BUQUÊ EN/SOL/ARADO EM LUA-DE-MEL...,
por João Maria Ludugero.

E no agora sou rio afluente além
Desembocado no mar de ontem,
Um poema de amor em desvario
Com sílabas marejadas em riacho 
Cheio de potes de fantasia em mel
Núpcias da água de lua com o ar em desmantelo
Em dia de chuva com sol amar-elo
E arco iridescente esfiapado ao céu 
A adornar um buquê de alma em flor...

Ninguém sabe ao certo
O começo ou o epílogo
Desta sombra fincada no deserto de outrora, 
Onde um já serenou oásis-meado ao vendaval
E o outro apenas aliançou-se no furdúncio e tal
A esbugalhar até com os pelos da venta, etc etc etc...

CANTEIRO DE NÉCTARES, por João Maria Ludugero




 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
  
 
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  
 
 
 
 
 
 
 
CANTEIRO DE NÉCTARES,
por João Maria Ludugero.

Bebo afoito
O gostoso licor 
Além do céu 
Da tua boca.
Bebo a gosto
o licor delicioso
Do teu umbigo...

Não só de manjar,
Mas que fantasia! 
Passamos horas 
Em loucas estripulias
Em delírios do prazer
De estar contigo,
Avante consigo ir
Além do horizonte...

Trilhas em néctares
Das mais diversas frutas
De cajus, cajás, mangas
Em nossos corpos astutos
Alimentos saudáveis
Degustados
Pouco a pouco
Sinto avidez
Na tua sede 
E me alucino,
Enquanto me ninas,
Ao bel-prazer com afinco...

Somos cálice
De pitangas
De graviolas
De umbus
De jabuticabas
De gravatás
De tamarindos,
Afoitas iguarias 
Somos loucos
Bêbados
Animados
De paixão 
E cachaças
E garapas
E tesão na lida
Em caldos melados
De cana-caiana
Enquanto tu chupas pitombas
E eu te devoro aos cajás-mangas
Etc etc etc...

Minhas Flores desabrochadas

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