sábado, 8 de fevereiro de 2014

GARAPA OU CALDO-DE-CANA, por João Maria Ludugero

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  
 
 
 
 
 
 
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 GARAPA OU CALDO-DE-CANA,
por João Maria Ludugero

Badala o sino de São Pedro,
O tempo condutor apruma o agito,
Solta o eco a uivar aos gritos,
Põe-se logo a varzeamar…

— Vou danado lá para o Arisco, 
Vou danado para o Itapacurá, 
Vou danado para a Forma 
Com vontade de chegar...

Mergulham Maracujás,
No agreste do rio Joca ao desvão,
Magote de meninos levados da breca
Venham vê-los a passar pelo Riachão
— Adeus-se! 
— Adeus-se!

Mangueiras, coqueiros, pitangueiras
Cajueiros em flor pelo riacho do Mel,
Cajueiros com frutos encarnados e amar-elos
Já bons de chupar...
— Adeus menina faceira do cabelo cacheado!

Mangabas maduras,
Pitangas vermelhas,
Ácidos tamarindos,
Doces carambolas,
Mamões amarelos,
Que amostram molengos
As mamas macias
Além das melancias
Pra a gente se amarrar

— Vou danado lá pra Várzea,
Vou danado lá para os Seixos, 
Vou danado para o Umbu 
Com vontade de chegar... 

Na boca da mata
Há flores bonitas
Que em coisas incríveis
Nos fazem pensar:
— Ali dorme o Xamã-da-Várzea!
— Ali é a casa de Ana Moita!

— Vou danado para o Vapor de Zuquinha, 
Vou danado lá para o Agreste 
Vou danado lá pra Zé Canindé 
Com vontade de chegar... 

Meu Deus! Já deixamos
A Vargem tão longe…
No entanto avistamos
Bem perto outra Lagoa Comprida... 
Danou-se! Se move,
Se arqueia, faz corrente...
Que nada! É um canavial
Já bom de cortar...

— Vou danado lá pra Várzea, 
Vou danado para o Agreste 
Vou danado para o Alto dos Rodrigues 
Com vontade de chegar...

Cana caiana pra caldo de cana,
Cana roxa pra fazer garapa,
Cana fita, curimbatória,
Cada qual a mais bonita,
Todas boas de chupar... 

— Adeus menina do cabelo cacheado! 
— Ali dorme o Pai-da-Várzea! 
— Ali é a casa dos Caicos!
— Vou danado Lá pra Várzea, 
Vou danado para o rio Joca 
Vou danado para o agreste 
Com vontade de chegar ao Gravatá!

VÁRZEA-RN: O PERFUME QUE FICA Por João Maria Ludugero

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VÁRZEA-RN: O PERFUME QUE FICA
Por João Maria Ludugero 

No jardim da escola Dom Joaquim, 
o pé de jasmim limita-se florir. E isso me basta. 
Nos intervalos das chuvas de verão, 
brilham sóis no meu Jardim 
e ali a gente aprende a brincar de viver 
a levar pra vida toda essa lição de casa. 
Essa dádiva faz-me acreditar em quase tudo. 

Na minha Várzea, a esperança aparece vestida 
de simplicidade até na mais simples de todas as flores do canteiro. 
Que maravilha nosso pé de jasmim! 
Ele tem um perfume sem igual que ultrapassa os muros 
e vai longe vai levar seus cheiros e encanto, 
além das horas das alamedas do recreio da nossa velha infância, 
além da algarobeira da praça do encontro, 
além das cabeças dos dias atuais da escola Dom Joaquim de Almeida. 
O pé de jasmim limita-se a florir. e isso nos basta. 
Por que vestidas de simplicidade estão as grandes maravilhas do mundo. 
Já parou para reparar o jasmineiro em flor?

Minhas Flores desabrochadas

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