terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

CANTEIROS, por João Maria Ludugero

 
CANTEIROS,
por João Maria Ludugero

As mãos em colheitas
Não são cravos, nem rosas
Apenas a braçada do tempo
E o plantio da palavra

-são acenos, são afagos?-

Apenas a inquieta ventania 
Sibila pelos ariscos canteiros
Ao logro do íntimo sussurro
De quem por mim não se cala

- Uma busca incessante das favas?-

Na avidez da fome em que me esteio
Nesse rio laranja em que me escondo
Em versos tudo nada ao estio,
Vela flamejante do meu grito

- Um mundo de papel afoito?-

Lavra das palavras que medito
Amor desvairado e amortecido
No verbo me dou, na paixão com afinco
Amando sou a poesia que me aflora...

AMIZADE PRESENTE, por João Maria Ludugero

 
 
 
 
AMIZADE PRESENTE,

por João Maria Ludugero



Não só de manjar ou cubar a lida,
Mas muitas pessoas irão entrar e sair da sua vida. 
Somente verdadeiros amigos deixarão pegadas 
No teu coração. 

Para lidar consigo mesmo, use a cabeça, 
Para lidar como os outros, use o coração, 
Rancor e raiva são palavras de perigo. 

Se alguém te traiu uma vez, a culpa é dele; 
Se alguém te trai duas vezes, a culpa é tua. 

Pois quem perde dinheiro, perde muito, 
Quem perde um amigo, perde muito mais. 
Quem perde a fé, perde que perde tudo. 

Sabe-se que jovens bonitos são acidentes da natureza,
Mas velhos bonitos são obras de arte. 

Portanto, aprenda também com o erro dos outros, 
Porque não se vive tempo suficiente para cometer 
Todos os erros. 

Amigos somos nós, apesar de desatados... 
Daí trazes outro amigo a contento,
Agora somos três... 
Nós começamos um grupo... 
Nosso círculo de amigos... 
E como um círculo, 
Não tem começo nem fim...
Circula-se! 

Ontem é história: 
Amanhã é mistério, 
Hoje uma dádiva, em soltos ciclos... 
É por isso que é chamado presente!

GARAPA, por João Maria Ludugero

 
 
 
 GARAPA,
por João Maria Ludugero

Badala o sino de São Pedro,
O tempo condutor apruma o agito,
Solta o eco a uivar aos gritos,
Põe-se logo a varzeamar…

— Vou danado lá para o Arisco, 
Vou danado para o Itapacurá, 
Vou danado para a Forma 
Com vontade de chegar...

Mergulham Maracujás,
No agreste do rio Joca ao desvão,
Magote de meninos levados da breca
Venham vê-los a passar pelo Riachão
— Adeus-se! 
— Adeus-se!

Mangueiras, coqueiros, pitangueiras
Cajueiros em flor pelo riacho do Mel,
Cajueiros com frutos encarnados e amar-elos
Já bons de chupar...
— Adeus menina faceira do cabelo cacheado!

Mangabas maduras,
Pitangas vermelhas,
Ácidos tamarindos,
Doces carambolas,
Mamões amarelos,
Que amostram molengos
As mamas macias
Além das melancias
Pra a gente se amarrar

— Vou danado lá pra Várzea,
Vou danado lá para os Seixos, 
Vou danado para o Umbu 
Com vontade de chegar... 

Na boca da mata
Há flores bonitas
Que em coisas incríveis
Nos fazem pensar:

— Ali dorme o Xamã-da-Mata!
— Ali é a casa de Ana Moita!

— Vou danado para o Vapor de Zuquinha, 
Vou danado lá para o Agreste 
Vou danado lá pra Zé Canindé 
Com vontade de chegar... 

Meu Deus! Já deixamos
A Vargem tão longe…
No entanto avistamos
Bem perto outra Lagoa Comprida... 

Danou-se! Se move,
Se arqueia, faz corrente...
Que nada! É um canavial
Já bom de cortar...

— Vou danado lá pra Várzea, 
Vou danado para o Agreste 
Vou danado para o Alto dos Rodrigues 
Com vontade de chegar...

Cana caiana pra caldo de cana,
Cana roxa pra fazer garapa,
Cana fita, curimbatória,
Cada qual a mais bonita,
Todas boas de chupar... 

— Adeus menina do cabelo cacheado! 
— Ali dorme o Pai-da-Várzea! 
— Ali é a casa dos Caicos!

— Vou danado Lá pra Várzea, 
Vou danado para o rio Joca 
Vou danado para o agreste 

Com vontade de chegar...

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