domingo, 26 de outubro de 2014

ASTUTO COLOBRI DA VÁRZEA DAS ACÁCIAS, por João Maria Ludugero

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASTUTO COLOBRI DA VÁRZEA DAS ACÁCIAS,
por João Maria Ludugero

Venta
E eu assanho até os pelos da venta,
Enquanto ali se vê um açude de água verde-musgo
Onde o Calango inventa um buquê
Onde o reverdecido juazeiro aninha um anum
Enquanto me encaminho ao Vapor
Reflorescido em mulungu ou jasmim-manga,
Dentro e alto num destemido tô-fraco
Das viçosas guinés ou galinhas d'Angola.

Amorteço aqui pra mim as dores
Que esbugalham o silêncio sem fim,
Deixando a rima assim entardecida
Sob o arrebol de uma saudade
Que mareja meus olhos d'água,
Sem mágoas, sem mais labirintos,
Só uma seara à beira do riacho da cruz
E uma paisagem tão singela que me nina
Enfeitada de melões-de-São-Caetano,
Além das duas palmeiras imperiais
A esvoaçar diante da igreja-matriz
Que traz no topo São Pedro Apóstolo,
Que não dá as costas pra rua do Arame.

Becos, ruas e praça do Encontro,
Depois de tantos sóis, o recanto do Luar
De Raimundo Bento, avenidas, casas velhas,
Mas nunca surdas nem mudas, em platibandas
Que os Zecas, os Caicos e os Necos fizeram ali.
Mas traz no canto do bem-te-vizinho uma aurora feliz
Que acaricia essa dureza em cores de onze-horas
Na Várzea abençoada das rainhas da Luz,
Mãe Claudina e Carminha, que hoje moram lá
No andar de cima do céu do Supremo Arquiteto,
Lado a lado e mais parece que prevalecem aqui.

E o que me estranha é calar essa recordação,
Mesmo que não entendam meu possante grito:
- Viva a pacata gente da Várzea de Ângelo Bezerra!
O tempo se foi, depois de tantas luas em banhos de prata,
Mas há tempos que eu já não desisto de me levantar assim,
Repleto de planos passados a limpo que bem apanhado bolei
De fazer num futuro de quimeras, de versos retos, corretos,
Contemplativos, ao dispor das horas correntes no agreste.

O resto do amor, reguei, a partir de um coração partido.
Vai servir para nos completar o alguidar de puxa-puxas
Na doce loucura dos sonhos, grudes e babas-de-moça
Para usar à sós, a correr dentro da Várzea das Acácias.
Eu tenho os olhos doidos, loucos, mais ávidos que já vi,
São meus olhos astutos de afoito colibri assim vivos por ti...

Minhas Flores desabrochadas

Visitantes do meu Jardim

Pagerank

PageRank

Registrado e protegido

Licença Creative Commons
myfreecopyright.com registered & protected

Design e Estilo