Que tempo bom aquele
em que éramos moleques
e ganhávamos o mundo
a colher o dia, a buscar frutas no Maracujá.
Era bonito ver os arredores do sítio
avermelhados de pitangas,
encarnados de cajus bicados
E o bem-te-vi cantando
como que a anunciar o entardecer.
Quando a prima Vera trepava
Nas árvores para derrubar as frutas
Eu ficava no chão de bochechas ardentes
a subir os olhos curiosos, arregalados,
e gostava de espiar e mirar às escâncaras
a imagem dela de baixo para cima...
Ela gostava de ir alto a catar os frutos
destemida, não estava nem aí
para alguma preocupação.
E, às vezes, berrava:
Estais pisando nas pitangas...
Agora lembro com saudades
da prima Vera a apanhar as pitangas...
A pitanga, além da doçura da fruta,
É uma palavra sonora, cantante e musical
E tem tudo a ver com a gostosura, digo sem titubear,
de dar água na boca mesmo, quando a prima Vera
escalava a cúpula das pitangueiras...
E eu ficava nas nuvens, de mãos cheias,
chorando as pitangas, mas de contente!
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