Quando ela nasceu, levou tapas da vida.
Logo se pegou aos berros.
Valéria aprendeu desde cedo a não ter infância.
Acendeu cigarro e não se engasgou nas tragadas.
Sob os olhos vermelhos da mãe desnaturada
ignorava os malefícios do vício
e precoce já pitava seus fumos.
Valéria se criou na rua, abandonada
aprendeu a se quebrar no crack,
inalando seus frascos de cola
ali mesmo sob o concreto armado
do Teatro Nacional de Brasília.
Seu tio a levou pelo braço
pra rodoviária do Plano Piloto.
Seu tio bebeu com ela toda uma garrafa
de uísque do Paraguai.
Valéria foi estuprada e acordou grávida
aos 12 anos de idade.
O que a vida não ensinou à Valéria?
A pensar e questionar sua sorte,
Ou só a impôs em continuar
de ovário cheio de violência?
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