Quando entrava dezembro,
A gente lá estava
De prontidão
Na casa da avó Dalila.
Todos se sentavam no chão.
Passávamos horas ajudando
A montar a árvore de Natal:
Um arbusto, achas ou gravetos secos
Ou mesmo um pé de algodão
Com os galhos recobertos de lã de algodão,
Fincado dentro de uma lata de querosene Jacaré
Embrulhada em papel de presente.
Era mesmo uma festa onde a alegria corria solta.
E, apesar da cautela, sempre acabava
Por despencar uma ou outra bola colorida quando havia...
E, de quebra, a gente se extasiava
Com aquelas cenas fantásticas.
Tudo era tão rústico, tão simples
E modesto, mas tão gratificante.
O carinho vinha junto, em cada mão que ajudava
Entre um enfeite e outro
A adornar a árvore do Natal.
E o amor conseguia ser mais doce
Que o bolo de batata-doce
Que a minha avó Dalila nos servia
Com um balde de Q-Suco de groselha.
Lembro que ela guardava suas experiências de vida
Em cada canto da sua casa simples lá na Várzea.
E ela nos contava diversas estórias do arco da velha,
Enquanto, entre gargalhadas e atenção,
Nos fartávamos de vida e de sonhos acordados.
Ela já se foi, faz tempo,
Mas naqueles dias que a saudade em mim transborda
E sempre que chega dezembro e as festas de fim de ano,
Meu coração se derrama todo, entorna
Feito leite quente depois que ferve...
E aí, acordo a saudade que me perfuma a alma
A retomar meu corpo de espírito natalino.
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