Ontem tive um sonho, um sonho envelhecido.
Sonhei que finalmente conseguia voltar para a casa onde fui criado e lá estavam sentadas em suas cadeiras de balanço as que me criaram, todas juntas.
Sonhei que entrava e via que a casa estava aparentemente como ficara lá no meu passado e de repente prestei atenção nas diferenças que ia percebendo e notei que ela estava envelhecida, bastante destruída pelo tempo.
O piso estava desbotado e desgastado, as paredes antes sempre pintadas estavam sujas, os móveis antes brilhando agora estavam empoeirados e arranhados. Via-se claramente que a casa tinha envelhecido.
As que me criaram estavam sentadas me olhando em silêncio e também estavam envelhecidas com seus cabelos embranquecidos. Corri ao banheiro e me coloquei à frente do espelho onde vi que também tinha envelhecido. É o tempo tinha passado por todos nós juntos, a casa e nós havíamos envelhecidos.
Voltei para o terraço para conversar com as que me criaram e as cadeiras agora estavam vazias, ainda balançavam sozinhas como se elas tivessem acabado de se levantar. Nesse momento chamei por elas e o silêncio se fez de tal forma que conseguia ouvir meus pensamentos.
Então sentei numa das cadeiras e senti que a vida tinha passado por mim, pela minha casa e por todos os que nela moraram e viveram.
Agora só me restava abrir o portão da casa, sair, fechá-lo e seguir o meu caminho com a certeza de que lá deixei muito de minha vida.
Francisco Diniz.