sábado, 28 de setembro de 2013

O ETERNO TAMBOR DA CANTIGA, por João Maria Ludugero

A canção virou hospedeira. 
Quando a zoada retumba no ar 
Por amperagem 
Ou por mãos ágeis 
De cantadores, 
O corpo vira aparelho, 
Alazão para a música cavalgar. 
Na cacunda, 
O toque da cantiga 
E o sambalanço na ponta do pé. 
Olho a saia rendada, 
Florida, 
Daquela música 
Ou daquela musa 
Que o timbre galopa. 
A música incorpora, 
De dentro pra fora 
Da pele da morena, 
Desafiando a serelepe dançarina. 
A música é a voz dos deuses, 
De onde a linguagem se achega. 
Obra prima da humanidade. 
O coco, 
O baião, 
O boi-de-reis, 
O forró varzeano. 
Do catimbó à macumba 
O baque solto cadente se eleva, 
Vira uma estrela brilhante. 
Eu me engendro derretido, mas ainda apeado, 
Ao som de uma toada pedindo mais alma 
A um varzeano nunca prostrado ao Vapor, 
E, de lá, age a dona Ana Moita 
Pedindo para a moça faceira 
Girar para a batida do tambor... 
Não sei se a varzeana dança para o santo 
Ou se o santo dança com ela aos zinabres 
À margem acesa do fogo-de-chão. 
A cantiga dá umbigadas nos magotes 
De meninos afoitos da Cidade da Cultura, 
Na roda de samba da rua reverdecida 
Do beco que se alastra até ao riacho da Cruz. 
É a hora do samba de lua debandar a tristeza 
Da vida latente na Várzea das Acácias. 
A morena estica seu feitiço 
Ao redor de mim 
E faz-me convidá-la 
À outra dança esfuziante, 
Mais solta e atrevida. Convidativa, 
A música traz uma possessão 
Vibracional, intensa, ávida... 
Eu danço com ela, impávido. 
Corajosa, ela encara a mudança 
Que alavanca a vida da gente, 
Diretamente alinhada 
A renovar esperanças... 
Eu sinto seu abraço com alegria 
E desatado avanço sem alardes, 
No embalo sublime dessa cantiga 
Que me acerta o passo, dia após dia, 
Sem nenhum preconceito da lida.

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