domingo, 5 de junho de 2011

ELUCUBRAÇÕES EM LETRAS


Autor: João Ludugero

Quando perco o sono,
Quando me sinto a perambular
A andar pela casa a divagar
E as pálpebras me secam os olhos,
Eu não deixo a noite me passar em branco.
Logo, lúcido aciono meu louco pincel de poeta.
Eu acendo todos os sóis, deixando a luz entrar.
Adentro no ânimo das palavras
Dando-lhes cores, como quem pinta.
Busco engenhá-las ao próprio contorno
E até dou-lhes outras estampas.
Sou peregrino das letras,
Não me canso de ser assim
Eterno aprendiz na lida,
Ora varo o mundo, de sentinela.
Ora ele me engole, de súbito.
Mas tenho um coração que estala
Num bater de cascos incansável, acordado.
O que me faz avançar o passo, o que me salva,
O que dá azo às letras que alinho,
Reavivando as palavras que engendro,
De certo, é mesmo ser feito
Este prisioneiro em liberdade.
Assim aprendi a escrever Amor.
Foi como andar de bicicleta,
Nunca mais me esqueci do ensinamento.
E nessa toada, eu canto e danço a brincar
Com versos que me abrem belos horizontes.
E, melhor, não me trincam os vidros das janelas.
E assim me oriento eu comigo mesmo,
E consigo.E até me encontro no espelho,
Num modo de sair da solidão
Que um espírito tem no corpo.
Sim, eu acredito no corpo.
Eu medito, penso, pondero.
Eu maturo, eu recrio e até me desnudo a rigor
Sem ultrajar o uniforme vocabular,
Para dedicar-me com afinco
Ao repouso intelectual
Só para, mãos à obra, mostrar
O encontro da matéria táctil
A primar com o espírito,
Numa simbiose sem fim.
Trabalhando à luz, de frente


De noite, sem medo eu me adenso, pro verso
Numa tensa e intensa vigília,
Sem os apetrechos da subordinada oração,
Com ou sem rimas, desfio meadas,
Conjecturando palavras coordenadas,
Especulando ganhar eiras de um mundo novo,
Não me desespero, ainda acredito,
Costurando meus verbos e atitudes.
E é por tudo isso que me perco
Em coisas que, para os outros,
São migalhas. Transeunte eu divago,
Eu me acho nelas, quando tudo
Parece ao descaminho.
Quando me atrevo a escrevinhar,
Alumio-me na fonte.
Por isso eu navego, sóbrio, de olho aceso,
Nas boreais madrugadas em claro.
A Poesia tanto me faz levantar os pés do chão
Que até levito, fascinado me acho
A andar descalço,
Num chão em brasas e não as sinto,
Até na trilha mais incerta e mais erma,
Não me perco nas bermas do caminho.
Mas se me perguntarem o que é ser poeta,
Eu diria, de pronto, sem titubear na dúvida:
Ser poeta é mesmo uma bênção.
É ter o dom de ter/ser vida em transe
Até na natureza morta!

RE/POUSO...



Por @LoucaDeMente
... 
Beija-flor que tantas flores já beijou
e tantas ainda vive a beijar...

Em mim pousou... sugou-me... provou-me!
E agora sinto que sou...
Por ti pousada... fui provada!

Antes angústia de a/provação,
depois delícia de provação,
agora só desejos de re/provação...

Delírios... Devaneios... Alucinações!

Néctares que jorram e transbordam-me
para exalando te provocar...

Gritando baixinho... Murmurando aos berros!
gemendo... contorcida... doida e doída...

Flor que cansada de esperar despetala, mas aprende a voar...

Voando feito borboleta que não espera, voa a flor buscando o beijo que a deflorou...



E sábia sabe que tal beijo está no bico deste beija-flores... 

Cavaleiro que esta flor cavalga... cava, penetra, suga...
E faz suspirar...

E cada poro da borboleta/flor respira...
Aspirando teu re/pousar...

E se deseja e permite que a sugas é porque assim também pode sugá-lo...

Amando-te em sonhos, matas e suores...

Selvas vívidas, vividas em nuvens escondidas...

Que escorrem, e em doces pingos, chovem doce/melado escorrido...


Sentido !



E em bárbara tempestade caem em tentação, com raios e trovões...

Tesão, que como selvagens, o fazem se amar no chão...

Como anjos caídos, esquecidos das asas ha/vidas...

E no chão, escorrendo e escorregando, em carícias fertilizam-se...



Feliz paixão... Feliz tesão... Feliz fertilizado chão!



E novas flores surgirão...



E insaciável o beija-flores de novo não resistirá a tantas cores...

A borboleta por ora extasiada... espera, mas também alimenta o desejo do re/pousar!




Espera...

Terá sido uma mera fantasia?
Um sonho?

Uma metáfora sentida?

Um sonho acordada ou dormida?

Quem me dera tudo não ter sido uma quimera!



Não quero mais a/provações...

Quero provocações...



Re/provação!



….







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