sábado, 30 de novembro de 2013

RIO DE CONTENTAMENTO, por João Maria Ludugero

RIO DE CONTENTAMENTO, 
por João Maria Ludugero.

Muitas vezes
eu tenho a impressão 
de que algumas alegrias
chegam como ondas de um rio 
que vêm de dentro,
que começam no coração,
brincam de sol e de lua,
causando bem-estar ao corpo,
sentido nos ossos e olhos e,
instantaneamente,
levando clarão para a boca,
brilho para o rosto todo,
com duração para o resto
da vida inteirinha.
E essas ondas vêm à superfície, à tona,
e se a lida mostra algum obstáculo,
o rio responde, transmuda, muda
flui para o alto, dentro e ao redor,
mesmo que não seja visto, de certo,
ele simplesmente nunca se esgota. 
Ora estou disposto 
e livre para entrar nesse rio,
consentir-me a remar 
a nau que me leva
a escancarar meu riso 
de contente!

VOO AOS TRANCOS SEM SER CABOTINO, por João Maria Ludugero

VOO AOS TRANCOS SEM SER CABOTINO,
por João Maria Ludugero.

Não me espanto se me acusam de cabotino,
Apenas me desnudo ao escrever arteiro
Porque meu verso é assim, não nego
Enquanto pedem viço pós-moderno
Assumo que meu canto eu não desfaço
Agora pronto: causa impacto o verbo
E de repente me achego em mais espaço…
Me assusta quem abusa das firulas
No jogo de palavras quase extintas
Assimila-se que o prazer se faz na busca
Ao dicionário, na edição de outrora
Ou num vocábulo da moda tal antiga
A dizer senão do vazio de quem só faz hora
Só me cansa na sórdida peleja
Quem me exige estar desnudo agora
Tal qual um réu à frente da sentença
Se sou o que não sou e até o que pinto
Importa a quem (?) se morro ou se feliz
Apago o que rascunho neste mero giz
Que abro sob um comedido labirinto?
Só me cansa quem me cobra engajamento
A ganhar o mundo desigual, como se atento
Ao meu redor, não fosse um poeta lânguido
Ensimesmado no ópio mais romântico
Onde me engajo apenas no que sinto,
Se não me entalo se as palavras canto
Só me exaure quem se apega ao que não anda:
Como a barata utopia, desde sempre, manca
E a cada vez que um aturdido me empaca
Com uivos em torno da comum fé metafórica
Me arredo de toda inveja, mesmo as brancas
(Porque aqui não há racismo, isso me estanca!)

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

HÁ MAR NA CANÇÃO DA TARDE AMENA, por João Maria Ludugero

HÁ MAR NA CANÇÃO DA TARDE AMENA,
por João Maria Ludugero

Daí fico a manjar em namoro à beleza do mar
Onde encosto a cabeça em órbitas profundas.
Traspassam-me bons ares 
Como se a rosa dos ventos
Atravessasse minha lida.
Reconheço-me no verde-musgo, 
Onde as mãos afagam-no. 
Ambos vicejamos à luz da tarde amena;
Ambos fincamo-nos à natureza esplêndida
Para realçar a longa vida que nos cabe.
Daí fico a manjar esse fosforescer....
Folhas que reverdecem em minha esperança,
Vastidão que alaranja o ânimo de correr dentro 
Enaltecendo a língua ao céu da boca que se en/canta 
Dentro de um poema que fascina a essência da minha vida.

LUDUGERO POR INTEIRO, por João Maria Ludugero.


LUDUGERO POR INTEIRO,
João Maria Ludugero.

Quem foi que disse,
Só de cubar a lida, 
Que amores pela metade me satisfazem, 
Que meias amizades me convencem, arre!
Um quase sorrir não me contenta, 
Uma sobra de paz não me tranquiliza,
Estar próximo não diz que cheguei, 
Se foi por um triz não me consola.
Eu não me acho em pedaços à-toa, 
Não almejo meias esperanças, 
Nem ser feliz Inteiro
Não quero meias palavras, 
Não suporto meios termos, 
Não espero meias verdades
Se for pra ser, assim almejo,
Que seja por inteiro de eira ao todo,
Eu sou João Maria Ludugero,
Depois de tantas luas
Depois de tantos sóis,
Tudo o que tenho me basta, proclamo.
E o que não tenho, 
Disso não mais reclamo a varejo,, 
É justo porque não me faz falta!

AGORA, JÁ! por João Maria Ludugero

AGORA, JÁ!
João Maria Ludugero.

Não só de manjar
Eu passo a cubar as horas da lida.
O agora vive me presenteando 
Com momentos tão bonitos...
Em dádivas e tantas regalias,
Eu só tenho a agradecer
Eu já não quero saber 
Do que não foi, 
Nem do que vai ser.

Vivo só as horas que são!

LUDUGERAÇÃO, por João Maria Ludugero

LUDUGERAÇÃO,
por João Maria Ludugero.

Mas quem é que sabe da magia, 
E do mistério, dos bem-quistos segredos 
Que os teus olhos escondem, oh Ludugero?
Quem sabe a aurora que por eles adentra 
Esbanjando em autênticas alegrias de ouros e pratas
Em suaves solenes cantigas disparadas da alma?
Há caprichos nos teus olhos arteiros, garoto
Astuto levado menino medonho em folguedos,
Em nuances sempre sonhadas em radiantes acordes.
Teus olhos entretidos e afoitos não se espantam,
Mas inundam-te a íris, multicolorindo tua vida
Até às margens, e transbordam a correr dentro
Numa gota que condensa mil cores em aromas
Das flores que bailam ao sabor de ventos uivantes… 
Ludugero é rio a desaguar sob olhares risonhos. 
Mas que raiz, que facho de luz intenso
Sustentam tuas belas miragens, oh menino?
Acobertas-te sob o sol amar-elo da lida.
Com auréolas em todo o teu corpo partes adiante,
Contagiado pelo teu ansioso coração passarinheiro…
Espaireces-se em mistérios que nem ouso desvendar. 
Repito a contento, como acordes de um sonho,
Iluminados assim, advindos do céu da tua boca!

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

LUDUGERÁVEL POETA, SONHADOR EM ACORDES, João Maria Ludugero


LUDUGERÁVEL POETA, SONHADOR EM ACORDES,
João Maria Ludugero.

Eu sei que traço uma poesia fortemente engajada na trilha da alma varzeana. 
Talvez o estio em abundância, a leva da lida varzeana alimentem, dia-após-dia, a prontidão dos fios da meada dos versos de João Maria Ludugero. 

Porque há em evidência nos meus textos a tangência do fôlego de esperança que só os poetas e adivinhos pressentem ao afastar o medo da cuca, sem carecer de ser cabotino nos meandros de sua poesia. 

Porque num mundo de aprendizado é preciso cuidar das palavras como se, no seu ventre, elas trouxessem o núcleo prenunciador de uma outra seara. 

Assim, quase tudo em minha escrita quer voar. Minha gente, pessoas jovens, adultas e grisalhas, os lajedos de pedras ao limo, o fogo, a casa situada pela Várzea das Acácias. Porque meus versos sugerem um ritual de iniciação ao belo, uma reaprendizagem do fascínio. 

Isto posto, reafirmo de pronto e o arteiro poema confirma: sonhar é uma imitação do voo liberto, sem fojos ou arapucas...

Só o verso alcança a harmonia que supera os contrários - a condição de sermos terra e a aspiração do eterno etéreo. O poeta vai e a pedra lhe concede a inspiração. Toca no fogo e lhe empresta a ideia da febre da água, como que visando amenização.

De tal sorte, sobrepuja a magia de quem recusa a condição terrestre, ilusão da eternidade, pois, de certo, as aves e os sonhos não envelhecem. É feliz a idade nova que se achega além das asas da penumbra.

Sou, pois tradutor de uma caligrafia que só a pluma da asa pode redigir, reinventa as imensas paisagens do seu torrão, a geografia da ternura que só os pássaros sabem percorrer. E, de nesse diapasão, voo até fora da asa, sem temer assombração.

Pois, a correr dentro e alto em regalias metafóricas, João Maria Ludugero não escreve apenas sobre aves por ter um coração passarinheiro. Escreve em pássaros, a esvoaçar, dentro e alto com o poema alegrando o coração, contenta o ambiente por onde passa. Daí as trevas se dissipam, o choro dá lugar ao riso, a angústia à esperança, a dúvida à confiança absoluta. E por aí, adiante se aventura com sua temperança em escrever seus versos e textos a ganhar o mundo, com sua alma de menino medonho...destemido e levado da breca.

Isso é o mais importante, o que realmente tem valor, o cenário para a verdadeira
felicidade não delimitada ao voo das palavras que se agregam consentidas a voar pelo vão do interior de uma aconchegante escrita. E assim catapulta seus poemas, a abrir celas, porteiras e cancelas... de sentinela ao voo, indo além do horizonte!

SAUDADES EM ACORDES DE SONHOS, por João Maria Ludugero

SAUDADES EM ACORDES DE SONHOS,
por João Maria Ludugero.

Não me desassossego quando a perfeição desse teu voo 
Roça a Várzea que me envolve. Mas, afinal, o que sentes agora?
Há sempre a saudade nestas coisas da vida,
Mesmo a mais silenciosa, e, nesta lida de incessantes procelas,
Olhares ultrapassam a linha do horizonte da minha Várzea.

A cada retorno aumenta a distância entre as margens estanques,
Paradeiros que se esbugalham além do apogeu do estio,


Enquanto me descanso do outro que me habita,
Regressam ecos de recordações, alguma morte derradeira,
O que procuras pelas memórias já tão gastas, oh, coração partido?
Perguntar-me-ias por entre cirros que tapam a sombra 
Da algarobeira da praça do encontro.


Saberei sempre voltar a colher cajus ou cajás, 
Um balaio de mangas no Itapacurá 
Pelo vão dos ariscos ou dos Seixos,
Ou próximo aos lajedos e lagoas compridas,
Acolhendo meus passos em volta,
Em mais um crepúsculo que se esgota,
Sorrateiro, silencioso, nostálgico…


E, mesmo que a viagem prossiga depois,
Ou, que a manhã esconda a Estrela Dalva,
Digo-te, sem nenhum medo da cuca atroz
Que o silêncio que me habita ainda está acordado
Por estes agrestes por onde eu me acho a reverdecer
Além mais, dentro e alto, nesta seara de Ângelo Bezerra,
Muito bem dentro do horizonte da minha Várzea amada!

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

BEM-TE-VIZINHO, por João Maria Ludugero


BEM-TE-VIZINHO,
por João Maria Ludugero.

E olha lá que eu consigo,
Em tuas asas quero voar,
Seguir por belos caminhos,
Ver o sol de perto, assim,
Ficar de braços abertos,
Ir de norte a sul.

Encanta-me em suas lindas penas,
E no ar... dentro da tua cantiga
Que não deixa me ver só apenas,
Meu doce bem-te-vizinho!
Além do mais, já entendi 
Que todos os dias são bonitos, 
Apesar das limitações 
Que não permitem enxergar.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

VERSOS DESNUDOS, por João Maria Ludugero


VERSOS DESNUDOS, por João Maria Ludugero

Sem medo da cuca
Com todo o ânimo

Mantenho a serenidade
Não deixo meus sonhos contidos
Vou desabrochando minhas verdades
No vasto mar dos momentos vividos.

Assim encontro forças pra viver 
O que lateja em meu coração desnudo
Procurando descoberto me envolver
Dentro e alto em acordes de sonhos


Na meada das linhas da minha inspiração.


VAMOS AVOAR? por João Maria Ludugero


VAMOS AVOAR? por João Maria Ludugero

Vamos avoar?
Voar... voar livres, 
com asas arteiras soltas,
voar alto, voar avante
desdobrados pelo vão
dentro dessa minha gula
nesse mistério infinito 
na minha imaginação.
Aquecendo a utopia,
amor tecendo dores...
Pouco importa agora 
se minhas asas são de anjo
ou seriam de algodão
ou seriam de algum dragão.
Careço de um horizonte além
só pra alinhar meu destino, 
pra não poupar coração.
Cansei de ser mais um Ícaro
descolando asas ao sol.
Quero voar sem ceras,
até fora do cenário da asa,
sinceramente.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

OÁSIS-MEIO-ME! por João Maria Ludugero

OÁSIS-MEIO-ME! 
por João Maria Ludugero.

E no silêncio da tarde amena
Enlevam-me as boas lembranças
Que ainda me ninam... 
Que me contam os segredos do interior
Falando-me do rio Joca e do aconchego
Sem alardes, sem medo da cuca, além
Acompanhado dos acordes do vento
Que sopra a correr dentro e alto
Sem mais trazer notícia ou alento
Falando-me da Várzea de outrora 
E de algo assim ainda muito presente
Da metáfora do distante e do próximo
Do oásis ao meio do deserto 
Do (in)quieto adeus que me deste 
Quando tua ida me deixou tristonho 
Assim embalado na tua saudade
Que sinto doer com todo afinco
Mais ao ensejo do entardecer 
Quando o sol alaranja meu coração partido,
Sem ao menos se despedir dos meus sonhos
Quando, mesmo ao fosforescente lusco-fusco, 

Ainda me vejo aos acordes da Estrela Dalva!

O HOMEM POR INTEIRO, por João Maria Ludugero

João Maria Ludugero em Fernando de Noronha
O HOMEM POR INTEIRO, por João Maria Ludugero.

Hoje não tenho vergonha
De dizer que choro. E choro mesmo!
Não me importa o pensar torto
De outrem a dizer que é sensível 
O homem que gosta de flor.
Elas me fascinam, as flores.
Eu dou o braço a torcer,
Confesso: quando preciso, 
Debulho-me em lágrimas.
Quando sinto saudade, 
Marejo os olhos ao cair da tarde. 
Eu me assumo: sou poeta!
Eu gosto da vida. Eu sou de carne e osso.
Eu tenho um coração que sente. 
Nunca minto pra mim mesmo:
Se carecer, boto a boca no mundo
E choro, doido por um cafuné.
Choro por um dengo, por um beijo
Pra curar meu coração machucado.
E funciona: Acabo menino de bem com a vida
A cavalgar pelas calçadas da rua grande,
Querendo roubar um pingente de lua
Só pra enfeitar teu colar de prata 
Feito homem inteiro a correr
Num galope rasante a encostar
Minha vida na tua, sem medo
De que tudo venha desabar amanhã,
Ao desapear da tal burrinha da felicidade!

domingo, 24 de novembro de 2013

GRAVATÁ, por João Maria Ludugero

GRAVATÁ,
João Maria Ludugero. 

Não é só de manjar, 
Mas lhes asseguro, 
Sou quase sem caule 
Da família das bromélias, 
Sou primo do abacaxi, 
Resistente e de vida longa; 
Minhas folhas são duras, 
Verdes, com a base ou 
As extremidades vermelhas 
Produzo uma fibra usada na confecção de cordas, 
Tapetes, barbantes e mantas para selas. 
Minhas flores têm cálice branco 
E pétalas roxas a enfeitar os Seixos 
Lá da Várzea de Joaninha Mulato! 
Meu fruto é de extasiante amarelo 
Cheio de sementes e de um sabor adocicado, 
Convidativo, mas que corta a língua a gosto... 
João Ludugero comeu muito da minha fruta 
Que apetece até pela exótica essência 
Apesar de que o céu da boca dilacero!

BIOGRAFIA, João Maria Ludugero

BIOGRAFIA,
João Maria Ludugero


Assim é a minha biografia: 
Eu sou nascente do olhar poeta, aprendiz
Navegante na peleja dos rios da vida a alvorecer, 
Sou pássaro imerso nas águas deste cotidiano, atento.
Tenho amigos, muitos amigos, depois de tantas luas,
Amigos que já se foram para o andar de cima,
Amigos que partiram, amigos que chegaram com o sol,
Outros que quebraram o semblante contra o tempo, 
Outros que geraram gerânios nos canteiros do jardim; 
Eu sou João Maria Ludugero, menino medonho;
João maduro que odeia o que acha fácil, 
Que não gosta do que se obtém sem dificuldade, 
Pois João Ludugero gosta das funduras, dentro e alto 
(e sabe que o mar aonde o rio desemboca é feito de abismos abissais); 
Ludugero procura-se achar contente, na meada do fio

E sobrevoa adiante na luz do vento sobre no mar!

JOÃO MARIA LUDUGERO, UM DOADOR DE CORAÇÃO - SOU RIO A DESAGUAR EM RENOVADAS ESPERANÇAS! por João Maria Ludugero.

Joca 397
JOÃO MARIA LUDUGERO, UM DOADOR DE CORAÇÃO
- SOU RIO A DESAGUAR EM RENOVADAS ESPERANÇAS!
por João Maria Ludugero.


Há gente que fica pra sempre
na história da história da gente...
E a esta gente darei tudo o que possuo:
veias, vasos e capilares, tudo a seu tempo,
com suor, sangue e minha riqueza a céu aberto: 
EU
e comigo doarei um coração
recauchutado, refeito,
mandando às favas as gravatas
e até os public-relations,
bem-quero apostar no presente único
do ex-cara velho,
que faz poesia como quem carece
mais que água e pão.
Assim aprendo a crescer
e a me multiplicar em letras.
Sim, peças a mim, estou pronto
a tecer o meu ser.
Sou poeta... noite, lua, dia, sol,
mente sã em terra nua;
Feliz, sou rio a desaguar em novas esperanças...
Escrever é o meu tesouro de diamantes.
Tomai, bebei em comemoração, este é meu corpo desnudo...
nele posso ser só o que eu quiser!

 

 

MEU MUNDO DA POESIA, A PARTIR DE VÁRZEA-RN, Por João Maria Ludugero, Advogado, Escritor/Poeta.

MEU MUNDO DA POESIA, A PARTIR DE VÁRZEA-RN,
Por João Maria Ludugero, Advogado, Escritor/Poeta.

Eu sou poeta. Eu sou um escritor que burila as palavras com o intuito de mexer com sentimentos. Eu não vivo a lamentar que a melhor poesia não volte mais. Aliás, ela sempre volta, pois a poesia está viva, a toda hora se faz poesia, horas a fio.Se a gente observar, em algum canto da nossa casa está ao menos um livro de poesia. Se não há nada escrito, nenhum livro sequer, há o sentimento solto pelos corredores da casa, talvez até estampado num vaso com uma flor esquecida num canto. Porque poesia é sentir.

Denota-se que sempre existe alguém produzindo poesia, elaborando a história particular de cada poesia, de cada sentimento. Eu, com toda modéstia, faço poesia, recrio o mundo, sem a necessidade de ser cabotino.

Eu gosto de escrever, de fazer poesia. Sempre gostei de buscar o que se pode buscar no âmago da palavra, o que se pode sentir. Isso nasceu comigo, é algo que não dá para desvincular da minha pessoa, não há como dissociar isso de mim, pois, com minhas reflexões doces-amargas, amoráveis-burlescas, eu procuro transformar uma madeira tosca (a vida com ausência de felicidade) em obra de arte (a vida feliz). Contudo, não me preocupo se a poesia vai sair com rima. Dou ritmo ao poema, ele flui e acontece. Poema feito, redigido no papel, leio e releio o escrito. Apago, borro, passo de novo a borracha. Acerto as arestas, o poema toma forma.

Eu sei que existem vários estilos poéticos, os mais rudes ou eruditos, impregnados da mais imaginativa e emocionante poesia. Eu simplesmente vou tocando as ideias, o sentimento verdadeiro, dou força às palavras. É a força da poesia, ou melhor, é o mistério da poesia. Sem necessariamente me embriagar, drogar-me para descobrir o melhor mote do caminho poético.
Alguém pode me indagar: – Quem é você poeta, vindo lá de uma cidade tão pequena feito Várzea, qual é seu mundo, poeta varzeano? Um mundo próprio. Um mundo com jeito simples de viver. É o mundo-da-lua?

Meu mundo, é o mundo das palavras, um nicho de autênticos significados, um mundo real e não imaginário, o mundo que faz o coração sentir! E vou assim, escrevendo o que o coração manda, orientado pela minha cabeça de poeta. E vou avançando o meu caminho, sem medo, sem pressa, objetivando tocar o coração de alguém, ou, quem sabe, tocar o sentimento, sem esperar nada em troca. Apenas escrevo para que as palavras não se percam ao vento. Gosto de guardar minha poesia, dentro de arquivos ou escaninhos vivos, para que o registro fique para a História. Sou seguro de mim, mas gosto de me assegurar que amanhã alguém terá minha poesia para ler, mesmo depois da minha partida.

Eu gosto de dizer, sempre, e repetir com orgulho: Várzea me deu prumo, bússola e norte para seguir a escrever o que sinto. Viver ali me deu inspiração para ser o que sou: Advogado, Escritor e Poeta. A gente nasce para ser o que vem a ser. Eu sempre quis ser o que sou. E assim sou o homem mais feliz do mundo! Sou potiguar! Que beleza! E a nossa Várzea, cidade pequena, que nada! Ela é grande demais no coração da gente!

INÍCIO DE DOMINGO EM VÁRZEA-RN, por João Maria Ludugero

INÍCIO DE DOMINGO EM VÁRZEA-RN,
por João Maria Ludugero.

Início de domingo,
Não se pede cachimbo;
Ouve-se o bem-te-vizinho,
Ali no pé de graviola de Seu Odilon Ludugero;
Come-se tapioca, beiju e caldo de cana-caiana...
E vamos às estripulias na ribanceira do rio Joca!
Esqueçam de cortar/aparar os pelos da venta...
Nem radares captam meus acordes de sonhos!
Acolham-me no berço da Várzea das Acácias,
Pois a primavera bem se achega ávida
Dentro e alto sem medo da cuca, além

Do meu coração de passarinho!

sábado, 23 de novembro de 2013

POETA JOÃO MARIA LUDUGERO, O HOMEM MAIS FELIZ DO MUNDO! por João Maria Ludugero

joão maria poeta
POETA JOÃO MARIA LUDUGERO, O HOMEM MAIS FELIZ DO MUNDO!
por João Maria Ludugero.

Em João Maria Ludugero, há um fio condutor: 
Na poesia, no ensaio e no cenário real da vida.
Chama-se Liberdade. É um militante apaixonado da Liberdade;
Como tal e como a outros, este poeta potiguar é adepto 
Em ter liberto o seu coração passarinheiro, 
Que, até fora das asas, delas sempre se serve e nelas confia.
Que não abandona a vasta rota, a um passo da infinita labuta. 
Vai de viagem, com bilhete de ida e volta. 
É tendente a ter ideias que o aprumam, 
Pelas alvissareiras bermas da lida.
A Arte, a Literatura, a Poesia, ficam sempre. São motivos de Vida.
Que me era dado fazer, em possuir assim uma alma tão grande?
Eu sou poeta e escrever me faz sentir o homem mais feliz do mundo!

LUDUGERÁVEL JASMINEIRO, por João Maria Ludugero

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LUDUGERÁVEL JASMINEIRO,
por João Maria Ludugero.

Tu me destes um pé de de jasmim,
Das mais belas flores que um dia pude ter...
Renovei-as no nicho da minha esperança,
Para que continues, nelas, a viver...

Tu me destes flores de jasmim,
Coloquei-as no alpendre da minha janela...
E alegrei-me de sentinela de uma vez por todas
Feito um afoito menino levado da breca
E não consigo mais sorrir sem olhar para elas...

Tu me destes flores de jasmim,
Plantei-as no canteiro da alma de flor...
Quando as vejo, tudo me enfeitiça desde o interior
E sempre que as toco, elas me dão calma...

Bonitas flores de jasmim, 
Guardei-as espairecido a contento,
Singelas e brancas, como o teu ser...
E seja lá o que aconteça no porvir,
Elas reinarão, sempre, em meu Ludugerável viver
Haja vista meu radiante coração de colibri!

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

AFIAMBRADO POEMA CANIBAL, por João Maria Ludugero

AFIAMBRADO POEMA CANIBAL,
por João Maria Ludugero.

Só de manjar,
Olho por olho,
Dente por dente
Olho no umbigo
Sebo na barriga
Pitéu voraz na pele
Em carne e osso
No poder da língua afiambrada
A descambar do curtume insosso
É pro seu bico a carne viva
De cubar o encharcada víscera
Este é o nosso costume
A consumação à torta e à direita
De todos os lados a correr dentro
Eiras, cabos, rabos e orelhas
Beiras, línguas afiadas no céu da boca
Das pessoas a quem escolhemos amar.
Tabu da carne: intumescida na tábua
Genitália, músculos, mamilos
Escroto, a vulva em arestas
As solas dos pés descalços
As palmas das mãos eretas,
Fígado e coração deliciosos.

Nesse diapasão, entre perdas e danos,
Acha-se que o canibalismo seria uma bênção.
Quando se passa a usar maxilares
Vorazes quebra-queixos encarnados,
Veias vertentes, aortas e capilares, 
Em volta do pescoço ou pomos 
Ouvir suas vértebras em ponta de agulha,
Osso por osso, adereços sem regalias
Dançando no meu pulso de fascinação
Seus dedos num cinto de castigo
Em torno do cabresto de Vênus 
Num vigoroso abraço íntimo.
Prato do dia: coração a passarinho!
Sobre o peito suado um pingente
Uma trança do seu cabelo em transe.
Noites eu dormirei embalando 
Seu esqueleto afiando a gosto o intuito
Os dentes no seu máxime riso desdentado.
Aos domingos, missa e comunhão, sem espanto
Aí então colocarei suas relíquias aos bofes 
Num nicho para repousar

Depois do quebranto. Zás!

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

VIA COSTEIRA, por João Maria Ludugero

VIA COSTEIRA, por João Maria Ludugero

O mar respira em Natal,
Um pulmão que não é meu
Ouço inchar-se no litoral,
Vasto se derrama na areia,
Devolvendo-se, por inteiro, sem regra,
De todos os lados, de cabo a rabo,
Esbugalhando-se na via costeira
Num perigoso acesso: — Nós
Não temos história e, ainda
Que tivéssemos, nada é nosso
Nesta cidade do sol, de números,
Cifras ao meio, senhas sem milagre,
Nada é nosso, muito menos tudo
Neste corpo que se banha insosso
Em inenarráveis promessas ao desvão
E se encanta com as sílabas dispostas
No ofuscante azul que reforça o oceano, 
Sou feito rio a desaguar em profundo murmúrio vertente 
Que espera seu arremedo aos berros e beiras
Com eterna paciência na careca do morro

Da bonita e colossal Ponta Negra!

Minhas Flores desabrochadas

Visitantes do meu Jardim

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