domingo, 14 de setembro de 2014

VÁRZEA-RN: SEARA DO BEM-TE-VIZINHO, por João Maria Ludugero

 
 
 
 
 
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VÁRZEA-RN: SEARA DO BEM-TE-VIZINHO,
por João Maria Ludugero

Lá na Várzea das Acácias,

os dois pelos ariscos bem se avizinham:
o bem-te-vi estima o menino medonho
e o menino João maduro estima com afinco
o modesto e maravilhoso bem-te-vizinho.

Que delicada aliança em tela tão natural

dos seres do chão-de-dentro:
um risonho menino levado da breca,
um astuto e bem-amado passarinho.

Deus percebeu a lembrança

e sorriu lá no firmamento:
Ele gosta do ávido menino,
que tão bem trata o bem-te-vizinho.

Por isso, na tarde amena,

os dois contentes lá se vão:
o levado menino Ludugero
e o bonito e alado cantigueiro
da seara do agreste verde,
a me ninar no mais fantástico canto
pelo interior da Várzea das Acácias!

SÉRIE: VÁRZEA-RN - UM CAÇUÁ DE SAUDADES, por João Maria Ludugero

 
 
 
 
 
 
SÉRIE: VÁRZEA-RN - UM CAÇUÁ DE SAUDADES,
por João Maria Ludugero


Dona Ana Moita benzia espinhela caída e curava dores de dente,
Sem esquecer de lembrar que ela afastava encostos e ziquiziras.
Por isso ela tinha a reza mais segura dos quebrantos.

Dona Carmozina fazia uns biscoitinhos minúsculos chamados raivas, carrapichos de coco, sequilhos, brotes, soldas, beijus, tapiocas, bolo-preto dentre outras delícias de puxa-puxas, grudes e bolachas chamadas regalias.


Dona Zidora Paulino era uma mulher de fibra, destemida, não esmorecia nem cansava na rotina da lida, além de lavar trouxas e trouxas de roupas encardidas, ela ficava de sentinela a tecer seus flandres de bolo de fubá, cocadas brancas e queimadas em quebra-queixos, espalhadas pelo Suetônio.


O tempo se desenrolava como um rio por entre as casas de porta e janela
Pequenas vidas nada esbaforidas, a solavancar a tarde amena da seara de madrinha Joaninha Mulato, bem lá no banco de Nina, irmã de Dezilda, Do Carmo, dona Nova e dona Das Neves tecedora de multicoloridos fuxicos.
Pequenos acordes de sonhos renovados na terra de Maria Maroca, de Marica de Otávio Gomes, de Manoel de dona Santina de Ocino, de Vira de Lucila de Preta, de Nanuca de Palito e da inesquecível Fátima Belo.


Na noite imensa as estrelas eram bem vistas desde as duas palmeiras imperiais de SãoPedro Apóstolo, onde a gente ficava na espreguiçadeira em rodas de conversas com os vizinhos que se apanhavam parados
Sentados à porta a jogar conversa mais pra fora que pra dentro, assim dispostos entre Nezinho, Zeca Dudu, Tota de dona Chica de Seu Leopoldo, Maria de Franco, Bita Mulato, Plácido Nenê Tomaz de Lima, assuntando de santos, de mágicos, lendas, estórias de trancoso, assombração e piadas da vida de sábios varzeanos a correr dentro e alto pelas platibandas da rua grande.


Meu velho amigo Biga de Ana do Rego e o terno farmacêutico Bita Mulato
propunham-se e compunham charadas que depois orgulhosamente se estendiam pelas quatro bocas da Várzea das Acácias de Severino 'Silva Florêncio' Sobrinho.

Minhas Flores desabrochadas

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