terça-feira, 28 de junho de 2016

VERSOS LIGEIROS, por João Maria Ludugero



VERSOS LIGEIROS,
por João Maria Ludugero

Eu daria um esvoaçante salto
pela seara varzeana do rio Joca
Só pra ver então sua cantiga de bem-te-vizinho
ao Vapor de Zuquinha
É que a saudade me açoita o peito
além das quatro bocas
e mareja meus olhos d'água
a transbordar em saudades...
Eu faria um poema ligeiro
Pro mundo inteiro cantar e ela ouvir
Eu criaria asas ao vento
Sem medo da cuca esbaforida,
Mas, se preciso for, assanharia
até mesmo os pelos da venta,
Voaria no tempo das fogueiras
de São Pedro Apóstolo padroeiro,
Só pra te ver minha querida terra dos Caicos!
Só pra rever minha tão amada seara agreste!
Só pra rever a amada Várzea
de madrinha Joaninha Mulato!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

DE PASSAGEM, EU SOU DE CASA... por João Maria Ludugero


DE PASSAGEM, EU SOU DE CASA...
por João Maria Ludugero

De passagem. Eu sou presente. Eu sou de casa.
A vidɑ é minha, ɑ cɑsɑ é minha, o habite-se é meu...
Meu coração é tal qual um templo sagrado do interior,
Ao qual se pede licençɑ pɑrɑ entrɑr a correr dentro da lida.
Licençɑ essɑ, concedidɑ depois de instɑlɑdɑ
A mais pura confiɑnçɑ,
A chave que abre as cancelas ao cɑrinho, ao lume dɑ verdɑde...
Porque sem essɑs preciosɑs chɑves, quɑlquer intromissão
É forçɑdɑ, mas, de tal sorte, será escurraçada sob o arregaçar
Das mangas, sob o despetalar das flores alaranjadas
Do mulungu, a assanhar até mesmo os pelos da venta,
Sem medo da cuca esbaforida, a esbugalhar eiras
E beiras de um coração partido,
A marejar meus olhos
Na água da saudade...
Qualquer intromissão é indelicɑdɑ, é errɑdɑ, é rascunho,
É farelo disposto a se consumir em pleno solo sagrado,
Onde se pisɑ descɑlço, sem medo das cinzas
Ou das brasas recobertas...com completa humildɑde,
Com reverênciɑ, com a mais nobre essência
Que eleva o menino João maduro Ludugero
Dentro da mais profundɑ fé nɑ lei dɑ colheitɑ
Perante a seara do plantio da
Mais absoluta VARZEANIDADE.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

A VARZEANIDADE DEIXOU MARCASNO TEMPO DA VELHA INFÂNCIA: VÁRZEA, ESSA É A DIFERENÇAA CORRER DENTRO DA SAUDADE,por João Maria Ludugero.

A VARZEANIDADE DEIXOU MARCAS
NO TEMPO DA VELHA INFÂNCIA: 
VÁRZEA, ESSA É A DIFERENÇA
A CORRER DENTRO DA SAUDADE,
por João Maria Ludugero.

Ando a bancar o destemido
Driblando o açoite da tarde
Pra sobreviver aos rufos da saudade
quando a tristeza corrompe
o espelho interpela atroz
O redor se espanta em arrodeios
Chego a assanhar até mesmo os pelos da venta
Sem medo da cuca esbaforida
Esbugalho as folhas do receio
Em mãos meu álibi de bem-te-vizinho
A alaranjar os mulungus em flor ao Gravatá,
Mas faz-me sanhaço só ao arrebol
Lá pras bandas do Vapor de Zuquinha,
Além do horizonte de São Pedro Apóstolo,
Disposto na torre da igreja-matriz,
Sem dar as costas para a rua do arame.

Vejo-me além dos verdejantes juazeiros
Rumando ao caminho do Riacho do Mel,
Encontro-me verde-musgando aos Seixos
Sem medo do Gado Bravo na presente lida
Acho-me nas Formas desde o Umbu ao Maracujá,
A renovar as esperanças lá pela seara
de prendada dona Tonha de Pepedo.

Um dia me larguei num bueiro da Vargem
Com minha alma a perguntar o porquê
A satisfação é gritante e não me grila
A correr dentro do Itapacurá das pitombas
Lá do sítio da inesquecível Julieta Alves,
Lá da casa de farinha de tio João Pequeno
A degustar grudes, cocadas, beijus e tapiocas
Numa ávida loucura que me dilacera o peito
No seio da Várzea de madrinha Joaninha Mulato,
Recanto dos picadinhos e dos crocantes torresmos
Que bem fazia dona Rosa de Antônio Ventinha...

Várzea, minha Várzea das Acácias,
Chão-de-dentro do equilíbrio das pernas astutas,
Do autêntico menino João maduro Ludugero levado da breca
Que me levanta sem carecer de pára-quedas, nem rimas,
Se caio, se dói, se aperta, se machuca, eu disparo
Diante do tô-fraco dos guinés ou galinhas d'Angolas,
Perante a praça do Encontro Kleberval Florêncio,
De frente ao Recanto do Luar de Raimundo Bento,
Transbordam lágrimas a marejar meus olhos d'água
A desabrochar flores agrestes de jasmim-manga
Perante a escola Dom Joaquim de Almeida,
Ao passo em que meu coração jaz em mim,
Coroado de flores e essências de saudades
Passadas a limpo num átimo de segundo,
Além das quatro-bocas da Várzea dos Caicos!

terça-feira, 4 de agosto de 2015

ASSANHADOS VENTOS DE AGOSTO, por João Maria Ludugero

ASSANHADOS VENTOS DE AGOSTO,
por João Maria Ludugero

E mal surge o alvorecer de um novo dia,
Logo fica soprando livre, leve e solto
Em minha janela espairecida
O vento de agosto.

O vento de agosto

A chamar para a benfazeja seara
Com seu astuto e afoito bem-te-vizinho
Aquele menino João maduro Ludugero,
Sem medo da cuca esbaforida,
Sem carecer de ser cabotino,
A assanhar até mesmo os pelos da venta!

quinta-feira, 25 de junho de 2015

CANTIGA VARZEANA, por João Maria Ludugero

 
 
 
CANTIGA VARZEANA,
por João Maria Ludugero

Se acaso me perguntares onde fica Várzea
Sigo a rota que o meu coração partido invade,
Cruzo pelas trilhas de algum cabra da peste
A colher, feijão-verde, milho, macaxeira, maxixe, jerimum
E comungo ao canto de um astuto bem-te-vizinho afoito
E bem me achego ao rincão do Maracujá ao fim da tarde amena
Ou me deparo ao Umbu a partir de uma manhã espairecida,
Tendo o sol como uma brasa que ainda arde ao Vapor,
Mergulhando num Riacho do Mel repleto de varzeanidade,
A marejar meus olhos d'água a transbordar de saudades,
Ao andar, a correr dentro e a voar alto pela seara de Ângelo Bezerra,
Terrra da inesquecível madrinha Joaninha Mulato!

Tanta e quanta cantiga agreste e brasileira
Desta terra que eu amo desde menino levado da breca,
Em flores de marmeleiros, macambiras, gravatás, beldroegas,
Jatobás, canapus, urtigas, juncos e melões-de-São-caetano,
Verde-musgados Seixos das mangas, cajus, cajás, jenipapos,
Terrra dos mulungus das quebradas do açude do Calango...

E na hora do arrebol que ainda me nina
Observo o sol do agreste entardecer alaranjado
Com o Gado Bravo vindo virar minha cabeça,
Sem medo da cuca esbaforida, mas, se preciso for,
Sou mesmo de assanhar até os pelos da venta
Para dar Formas aos momentos de viver
E nos olhos vou levando o encantamento
Desta Várzea que eu amo com tamanha devoção.

E cada poema que eu componho é um pagamento
De uma dívida de amor e da mais sincera gratidão.
Escuto a cantiga potiguar e brasileira
Desta Várzea que eu tanto amo desde cedo,
Flor de vida, Itapacurá de mel de abelhas europeias,
Recanto de caldo de canas-caianas e curimbatórias
Lá do engenho de tio João Pequeno e dos carregos de sacos
De pitombas, alguidares de paçocas e queijos de coalho
Lá do possante sítio da inesquecível dona Julieta Alves;
Arisco de Virgílio Pedro das mangas, castanhas e cajus,
Sem jamais esquecer dos beijus, grudes e tapiocas
Lá da casa-de-farinha de dona Tonha de Pepedo,
Seara de amores e das mais renovadas esperanças.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

SÉRIE: RELICÁRIO DA VARZEANIDADE, por João Maria Ludugero


 
 
 
 
 
SÉRIE: RELICÁRIO DA VARZEANIDADE,
Autor: João Maria Ludugero


Eu, terno menino poeta João maduro Ludugero,

Bem sei que trago no coração uma saudade sábia,
Feito menino levado da breca, sou de assanhar
Até mesmo os pelos da venta ao Vapor,
Pelas quatro bocas dos Seixos aos Ariscos de Virgílio Pedro,
Do Maracujá ao Umbu das jacas, cajus e dos cajás-mangas,
Pelas casas-de-farinha do Itapacurá de Tio João Pequeno
E do carrego de pitombas de dona Julieta Alves,
Pelas Formas a encontrar o Gado Bravo,
Pelas macambiras do Gravatá à Lagoa Comprida,
Da beira do rio Joca ao açude do Calango,
Pelas trilhas da Várzea dos Caicos, dos Marreiros,
Pelas renovadas esperanças de dona Tonha de Pepedo,
Deixando as coisas passarem,
A andar, a correr dentro e a voar alto
Como se não passassem pela seara
Da inesquecível madrinha Joaninha Mulato;
Livrando-as do vão do tempo.
O caminho está construído com afinco
E eu permaneço em contínuo desafio,
Salvando a sua essência num legado
Da mais plena e pura varzeanidade.
É a única maneira, aliás, de lhes dar permanência,
Ou seja, imortalizando-as no fundo do peito
Num singelo e esplêndido relicário de amor
À bonita terra agreste de Ângelo Bezerra.

domingo, 31 de maio de 2015

VARZEANIDADE EM SONHOS, por João Maria Ludugero

 
 
 
 
 
 
VARZEANIDADE EM SONHOS,
por João Maria Ludugero

E a partir das quatro bocas até chegar à praça do Encontro Kleberval Florêncio, bem lá de frente ao Recanto do Luar de Raimundo Bento, no meio de toda e qualquer rua grande existe sempre um vendedor de sonhos, ou melhor, um vendedor de algodão-doce, de mexericas, pitombas, puxa-puxas, quebra-queixos, raivas, soldas, carrapichos, brotes, caldo-de-cana, bolos pretos, de mandioca, de fubá, de batata-doce, roscas, pitéus e regalias em peitos-de-moça, linguas-de-sogras, xibius, paçocas, cocadas da branca e da queimada, beijus, munguzás, tapiocas, grudes de coco, pipocas entre outras delícias para quem até que não lhe dá o devido valor. Mas não adianta fugir, um magote de meninos levados da breca o vão ver, pois acreditam no seu poder de gerar sonhos que vão longe, a andar, a correr dentro e a voar alto pelo interior da Várzea dos Caicos.

O menino João maduro pirraça, pede, chora, sussurra, implora, executa a velha chantagem emocional, que novamente funciona e acorda o sonho. São de vários formatos, lumes, cores e essências que se adaptam a todas as criaturinhas cheias de tantas e quantas estripulias. Essência de ser criança e de ser feliz, que faz o sorriso nascer em todas as caras de meninos e meninas bem-apanhados a correr pelo chão-de-dentro das algaravias da seara da inesquecível madrinha Joaninha Mulato.

E num átimo de segundo, zás! A corda que amarra o menino João maduro Ludugero não o prende ou segura o laço de varzeamor com seu pequeno dono, que escapa solto na liberdade de sua cabeça, sem medo da cuca esbaforida, mas se preciso for, é mesmo de assanhar até os pelos da venta.

Oh Supremo Arquiteto do Universo, oh Deus! O dia se vai embora, mas para os baixinhos não é choro nem ranger de dentes, nada de tristeza; nem para os pais é dor de cabeça nem dinheiro jogado fora, pois, deste a chegada do lusco-fusco dentro da tarde amena que ainda anima e bastante me nina a correr dentro da seara do astuto e afoito bem-te-vizinho, além do Vapor de Zuquinha, além dos Seixos dos cajus e das castanhas, dos Ariscos de Virgílio Pedro, detentor de tantas mangas, cajás, jacas, jatobás, bananas, canas caianas e curimbatórias, além dos grudes, beijus e tapiocas da Nova Esperança de dona Tonha de Pepedo, além do Itapacurá do carrego das pitombas, seriguelas, farofas e torresmos lá do sítio de dona Julieta Alves, além das farinhadas, mingaus e canjicas de dona Zefinha de Tio João Pequeno, além do Gado Bravo no laço das Formas, além do Maracujá, dos Gravatás, das vertentes Lagoas Compridas e dos Umbus a bem-apanhar de tamanhas saudades o coração da gente, a fazer transbordar nossos olhos d'água além da seara do rio Joca...

Como em conto de fadas ou na estória da carochinha, a moral existe, o menino esvoaça contente, sobe, vai além do que se pode espiar e ver, o ponto de vista muito depende dos olhos que ainda me ninam, os pequenos entendem como os acordes se dão, juntamente aos sonhos que se vão pela seara de Ângelo Bezerra, os maiores como um simples balão de São João. Multicoloridos balões são como sonhos dispostos numa animada festança, no anarriê do inesquecível senhor Geraldo 'Bita' Anacleto de Souza, em quadrilha a alavancar a alegria pela Várzea de São Pedro Apóstolo.
Ludugero escolhe o que mais se encaixa na varzeanidade, ao seu gosto, tem sempre alguém pronto para lhe fazer apaixonar pela sua mais singela e tão esplêndida terra dos papa-jerimuns e dos babaus de batata-doce com leite de coco, e tem significados esfuziantes, e essa importância de quem a contempla é completa na opinião de quem vê e enxerga o seu interior, recheado de tantas delícias, lumes, perfumes e esperanças novas, sem carecer de ser cabotino.

Além do que se pode enxergar existe luminosidade ganhando o céu de São Pedro e um sonho ganhando um coração ou vice- versa nos dois casos: o céu ganha um azulão estrelado, bem alinhado sob o esplendor da estrela Dalva e o coração do menino João maduro Ludugero um sonho acordado a versejar poemas, cantigas, que são acesas coivaras de fogueiras em sonhos...

Minhas Flores desabrochadas

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