quarta-feira, 24 de outubro de 2012

POEMA DO FIM DO MUNDO, por João Maria Ludugero


Antes do fim do mundo,
eu só queria dizer
que 'o amor é importante, porra!'
Que 'tamos de ovários cheios de violência,
que meu jardim ficou mudo,
murcharam os girassóis amar-elos,
as folhas cessaram de balançar
e o derradeiro Sol abre buracos imensos
na crista da terra nua, S.O.S.
Ainda não vou me afobar
com o tempo que resta pra estourar
os miolos da cuca desvairada...
Sento à mesa a devorar meus medos
com as tripas a sair pela boca,
tomo um café amargo e aguardo,
quem quiser que se deprima...
Quando a tempestade chegar,
pego uma onda até a esquina
e de carona no caos vou a nadar,
atravessando a (des)humanidade
que há tempos só afunda o mundo,
ainda de olho a esperar pelo segundo sol.
Até quando ficar de braços cruzados
esperando que o mundo desabe
sobre as nossas velhas cabeças?

A CASA DE FARINHA, por João Maria Ludugero



Meu pensamento hoje
voou longe no tempo, 
foi direto a Várzea 
e se achou dentro 
de uma casa de farinha. 
Mulheres e homens na peleja, 
a descascar mandiocas, 
a meter a mão, a prensar a massa 
prontos para animar a lida com cantigas 
enquanto se espalhava a farinha 
na fornalha, tapiocas e beijus de coco. 
De tempos a tempos os cheiros da terra, 
na gamela se amassava o polvilho, a goma, a liga. 
Recordo-me de dona Zidora Paulino 
que preparava frandes de grudes 
forrados na palha da bananeira... 
Como era bom apreciar seus bolos 
e a tão esperada broa de milho zarolho!

Minhas Flores desabrochadas

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