segunda-feira, 4 de junho de 2012

MANUALMENTE, por João Maria Ludugero


Há dias em que já acordo assim afagado,com meu corpo tomado dos pés à cabeça por mãos que me apalpam de passagem num gozo extremo de alma sedenta: são tantas mãos nunca santas, e como que afoitas me inflamam ao tato, de fato, que me tocam a lida, em bulas e cores, que apressam compressas com vigor, que arredam ziquiziras, banzos e tédios, que me esfregam sem pena na pele um paliativo, que me ungem, benzem quebrantos, mandingas que me curam das dores e de outras mazelas que se encostam na vida, de repente. E assim vão amassando a impermanência, antes mesmo que a louca decida levar seus anéis, lavar as mãos e transitar em julgado sua última sentença! 


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