quarta-feira, 29 de junho de 2011

Tempestuosa



Por: Cláudia Costa

Na ventania da noite
Dei-me conta
- À montaria -
Erguendo-me na força de suas pernas
Matando a sede de uma espera
Tomando-me forte nas ancas encaixadas 

Unimo-nos
Em boca, língua, saliva e crina.
- Cavalgada, selvageria - 

Emoções aos gritos
Prazer em crua poesia
Fiz-me vento a conduzir o trote
Ele, a galope,
Segurava as rédeas
E eu, 
As rimas...

segunda-feira, 27 de junho de 2011

No dia

Por: Paulo Diesel


No dia
Em que a chuva cair
e não molhar
Em que o sol aparecer
e não aquecer
Em que estiver cheio
e não derramar


No dia
Em que o céu estiver estrelado
e não iluminar
Em que estiver com raiva
e não se queixar
Em que estiver cansado
e não parar.


No dia
Em que existir um poeta
e não poetar
Em que existir um profeta
e não profetizar...


Vou comprar uma arma
e não vou me matar...

domingo, 26 de junho de 2011

Luzes da Cidade

Por: Sil Villas-Boas


Parei aqui para observar
As luzes distantes da cidade.
Opacas, vazias, fingidas,
A enganar a noite
Com seus falsos cintilantes.

Pergunto-me: por que são assim?
Por vezes, iluminantes
E no momento adiante
Apagam-se repentinamente?
Sempre cheias de contradições….

A natureza das luzes
É de beleza fugaz
Encantam apenas
Para atrair a inquietude dos olhares
E a louca agonia dos insetos
A buscar calor no seu brilho gelado
(In) felizes os que se corrompem,
Se deixam levitar, sorrir, sonhar
Na fina e tênue ilusão das luzes da cidade.
Esquecem-se de que elas sempre morrem
Ao clarear do dia.

Observo as luzes da cidade
Envolventes,
Sombrias
Delirantes
A ‘iluminescurecer’ meus sentidos
Em breves e curtos instantes.

sábado, 25 de junho de 2011

DO MAMULENGO À VENTRILOQUIA (A MÃO E A VOZ EM LINHAS DE POESIA)

Autor: João Ludugero

Eu escrevinho a sentir o mundo
Eu me bulo em movimento e graça 
Causo rebuliço público na praça 
A bordar sorrisos, encarnado em pano. 
Sou fantoche, sou ventríloquo,
Sou aquele que sabe falar sem abrir a boca
De modo que mudo de tal vez a voz
Que esta parece sair de outra fonte diversa.
Ledo engano, eu sou o dono da voz. 
Posso ter várias vozes.
Minhas várias enviesadas vozes.
Em tempo. Tempos nublados ou com sóis.
Várias vozes sem mover um lábio sequer.
Eu arregaço as mangas ao diálogo.
Eu abraço emoção ao inanimado marionete,
Dou vida ao morto-vivo, abraço o corpo. 
Faço gestos ilusórios com a mão 
Ao peito, uno versos adentro no ventre, 
Percorro o sagrado e o profano. 
Finjo ser o outro do outro rosto tingido 
Me visto tal e qual fulano de tal
Banco ser sisudo beltrano sem açaimos,
Quando ressurjo, exsurjo-me num lúdico sicrano.
É preciso ser boneco e homem, palco e praça 
Ao projetar-se na voz do outro,  
Que se ajeita nos trejeitos do ventríloquo. 
Sou poeta mamulengo, com honrarias,
Envolto no corpo de pano, leve e solto.
Se me perco no fio da meada, eira e beira, 
Desfio palavras do novelo 
Declamo visceralmente dentro do alto 
E as letras costuram meu poema,
Cingindo a instável face do boneco 
De cara e boca pintadas a retratar, de pronto, 
A lucidez, a loucura, o drama e a comédia
Do universo humano sob o disfarce que invento.
Quer saber, sei ser valente, animoso, de gentil presença
E a poesia foi o que me fez ser assim, senhor do meu nariz!
Logo posso ser o que eu quiser. Duvidas do meu intento?
Só te digo uma coisa, em alto e bom som:
Não sou de Deus a obra perfeita!
Nem tenho nas vísceras o segredo da matéria
O que tenho são versos entranhados

Pulsando na artéria, latejantes,
Querendo sair, girar o mundo 
Que rodopia em meu peito de poeta!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Ser ou Estar?

Por: Rosamaria Roma

Muitos confundem sorriso com o riso.
Existe muita diferença entre eles.

É impossível falar de sorriso e felicidade
E não se remeter aos verbos ser ou estar.

O riso pode estar carregado de tantas coisas...
Hipocrisia, falta de verdade, orgulho.
Tristezas profundas, até loucura!


Não se mente sobre felicidade
Porque ela não depende de manifestações...

A alegria, esta sim
Comumente depende do riso

E por isso é transitória
Enquanto a felicidade
É eterna...

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Frio

Por: Cristian Steiner

 
Luz em névoa.
Claridade apenas suficiente,
Para ir vivendo. 
É preciso estar perto da luz. 
Não há calor na solidão.
E a luz da lua não é luz dela, 
É reflexo
Do sol aceso,
Escondido de traz  do mundo.
Calma!
Haverá Sol.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Submissa ou dominada

Por: Cláudia Costa


Existem dias em que canso de ser minha única dona
Canso sem dó, sem timidez, sem medo
Dias em que fico feliz em ser só tua
Em me dar inteira pra você
Solta, sem reservas, sem pensamentos outros, sem senãos, sem regras
Sem amarras...
Dias em que não quero tirar o salto que você tanto adora
Não quero tirar nada!
Dias em que as suas mãos são meus guias
E teu corpo a minha ilha deserta
De prazer, de descanso
E aconchego
Dias que só será tirada a roupa que você quiser tirar de mim
A única coisa que não me tiras, de jeito nenhum, é o colar
Esse, que mordo quando me fazes gozar,
Esse, que, no íntimo, ostento quase como coleira
Virou parte integrante do meu corpo...
Hoje você ganhou na mega sena do prazer
Uma mulher inteira desnuda, de alma entregue,
Cheia de uma timidez que só as acostumadas a tomar decisões trazem consigo...
Hoje, te vira meu lindo, a decisão é tua...
Se vais me querer na calma carinhosa da cama
Pra acalentar a alma
Ou se me acaba a acelerada ansiedade
Nas paredes e tapetes de nosso ninho
Arrefecendo entre carinhos, tapas, beijos e mordidas
O  meu cansaço, a minha ira, me refazendo a vida...
Há dias assim...
Que necessito misturar teu corpo no meu
Aceitar teus desejos como meus
Ser só tua
Pra reaprender a ser minha.

Sensibilidade

Por: Paulo Diesel


O vinho derramado, pelo corpo da jovem, rolava.
Seu corpo coberto apenas por um vestido
de seda branca, que virou vermelho pelo vinho derramado, colava em sua pele. A jovem gemia pelo prazer que sentia, vendo o vinho correr por entre suas partes mais sensíveis.
Gelado estava o vinho quando o bebi restando apenas um vestido de seda, já branca apesar do engasgamento na pele morena e sensível da jovem que gemia e sentia prazer.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Último suspiro

Por: Fernanda Villas-Boas

Posto aqui o poema de Adriano Lachovski, poeta, Personal & Professional Coaching:

Sob o abandono de tua luz.
Cada dia, uma escuridão,
Sob a violenta dor da tua ausência.
O sofrimento da longa espera
Invade-me o corpo inerte,
Rasga-me, fere, enfraquece,
Em meu pesar de esperá-la,
Que o vento sopre e me leve longe...
Esperança! Ainda tenho,
Volta luz, alumia-me!
Tira-me das trevas!
Arranca-me da solidão!
Encoraja-me para o derradeiro encontro!
Volta... Que o último suspiro
Reservei para dar em teus braços!

Visitem também o blog do Adriano para conhecer mais sobre o trabalho do único Coach tetraplégico do Brasil... Portanto, o único TETRACOACH em http://adrianolachovski.blogspot.com/

Sabores

Por: Sil Villas-Boas

Quero experimentar sabores:
Do vermelho da maçã.
Dos vinhos, doces e secos
Sabores escondidos no teu beijo
Que secam a pele molhada dos meus lábios


Quero os sabores da vida 
Das cores de tuas poesias
Sorvendo-os e os absorvendo
Em tragos lentos, suaves ou rápidos
Interiorizando todo o gosto, todo o instante
Que existem nestes elementos 

Quero todos os sabores
Que existem e se perpetuam 
Em nós dois

sábado, 18 de junho de 2011

Cuidar

Colaboração: Cristian Steiner


Se os filhos vivem com críticas,
aprenderão a condenar.
Se os filhos vivem com hostilidade,
aprenderão a brigar.
Se os filhos vivem com medo,
aprenderão a ser apreensivos.
Se os filhos vivem com piedade,
aprenderão a sentir pena de si mesmos.
Se os filhos vivem com o ridículo,
aprenderão a ser tímidos.
Se os filhos vivem com ciúmes,
aprenderão a ter inveja.
Se os filhos vivem com vergonha,
aprenderão a se sentir culpados,
Se os filhos vivem com tolerância,
Aprenderão a ser pacientes.
Se os filhos vivem com estímulo,
Aprenderão a ser confiantes.
Se os filhos vivem com elogios,
aprenderão a apreciar.
Se os filhos vivem com aprovação,
aprenderão a gostar de si mesmos.
Se os filhos vivem com aceitação,
aprenderão a encontrar a amor no mundo.
Se os filhos vivem com reconhecimento,
aprenderão a ter um objetivo.
Se os filhos vivem com partilha,
aprenderão a ser generosos.
Se os filhos vivem com honestidade e imparcialidade,
aprenderão o que são verdade e justiça.
Se os filhos vivem com segurança,
aprenderão a Ter fé em si mesmos e
naqueles ao seu redor.
Se os filhos vivem com benevolência,
aprenderão que o mundo é um lugar
agradável de se viver.
Se os filhos vivem com serenidade,
aprenderão a ter paz de espírito.
Com que estão vivendo seus filhos ?

Dorothy L. Nolte.

VLADIMIR VOLEGOV - Mãe e filho
Óleo sobre tela

sexta-feira, 17 de junho de 2011

PUXANDO A CIRANDA INTERIOR - CONCEDE-ME ESTA DANÇA?

Autor: João Ludugero
 ‍
Desde que eu era era menino
Eu já sonhava grande
Com essas radiantes estripulias.
Eu já avisava lá em casa:
Ó, minha mãe, quando eu crescer
Quero ser mestre de ciranda!
Sonhava em comandar toda aquela animação,
De tirar os cantos, de tocar o ganzá
De botar ordem no folguedo
Ou apitar minha própria 'arruaça'.
Queria poder enfeitar o salão e o terreiro
Como se fosse festa de São João,
Eu a pedir a mão da faceira Lia, 
Diante de uma imensa fogueira na rua.
Mesmo que fosse só de brincadeira,
Mesmo que fosse de vidro o anel-cor-de-fogo 
Que um dia eu sonhara pra ela.
Eu queria uma grande festança, 
Sem data nem hora para acabar o furdunço.
E a todo vapor os instrumentos a tocar
- ganzá, bombo, caixa, cuíca, pandeiro
Sanfona, zabumba e tarol.
Queria improvisar cantigas
Ou mesmo canções em ritmo de ciranda.
Ah, como eu queria, e nunca deixei de bem-querer isso.
Hoje eu cresci. E ainda acordo sonhando:
‍Ainda quero dançar pra valer.
E‍, neste exato instante, fecho os olhos
E me atrevo a um passo de dança. 
Estou de mãos dadas com a moça Lia,
A cirandar como se nos acompanhassem as ondas do mar.
E nós a girar-girando a vida com singelos versos,
Ao unir versos vou puxando a roda do tempo,
Sacudindo esse mundo a girar, a girar.
Vou habilitando o corpo nesse ritmo vital,
Vou me permitir uma dança a mais,
Vou deixar a Poesia me levar, passo a passo,
Vou ganhar o mundo nos braços 
De quem souber embalançar   
Meu coração cirandeiro, 
Ou a quem mais couber o dom 
De conceder-se ao brilho dessa dança!
Quem se habilita a cortar a fita inaugural
Pra fazer triunfar essa festa interior,
Fazendo o mundo inteiro rodopiar
Desabando a tal felicidade 
Dentro das nossas cabeças?

Degusta-me

Por: Rosamaria Roma

Me vejo tocada com a doçura
Do sabor da seiva da tua boca

Ouço o arrepiar dos pelos
Ao sentir seu cheiro

Rendo-me ao desbravamento
Da tua pele
A qual vou sucumbir
A cada centímetro

Quero ouvir
Quero ver
E depois me perder no seu cheiro
Olhar nos teus olhos
Degustar tua boca

Ouvir o que tem a me dizer
E sentir...
Simplesmente e apenas
Sentir...
  

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Noturna














Por: Sil Villas-Boas 

Amanheço com o espírito penetrante
em universos alheios.
Entardeço com a alma enfraquecida,
pelas dores assimiladas das vestes da tristeza.
E na volta pra casa, anoiteço.
Desisto de combater os vazios.
Deixo a desordem irromper em instantes solitários.
A janela molhada....
Apenas um reflexo de uma face seca, sem lua
A boca está muda
E a pele, nua
Das verdades que antes cultuava
E ao final...
Adormeço dos meus sons habituais
Dos meus silêncios.
Das minhas cores que se apagam
Lentamente
Vagarosamente
Sem pressa....

Escorrem-se por entre a escuridão
De um mar noturno 

terça-feira, 14 de junho de 2011

Mundos Re_Unidos

Por: Cláudia Costa


Trago um universo povoado de fantasmas
Alguns demônios pessoais,
Muitos anjos caídos.

Sirvo de abrigo para fantasmas do futuro
Para o mundo, para o outro
Para  amigos

Em volta da fogueira pré-histórica,
Sorvo chás ou vinhos tintos
Em conversas diversas
Controversas, conexas.

Sê bem vindo ao nosso papo!!
Traga suas idéias
Nos invada
Com seu mundo.

Sirva-se.

Meus fantasmas não têm sede
Bebem, apenas pela companhia.

Minhas Flores desabrochadas

Visitantes do meu Jardim

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