Por: Rosamaria Roma
Ela não percebia.
Porque raio tinha de ser sempre ela a perceber.
Havia sempre uma razão.
Claro.
Todas as razões.
Menos ela.
Estranhamente
Só ela não era uma razão.
Nunca.
Só ela tinha de se adaptar.
Esperar.
Compreender.
E ela só via escuro.
Não deslindava as formas.
Não via os próprios passos.
Não havia sequer voz que a guiasse.
Pediam-lhe muito.
E ela?
Será que pedia muito?
Ela só queria algumas palavras.
Dizê-las apenas.
A voz nos teus ouvidos.
Nada de caracteres.
Nem fotos ou textos arranjados.
Queria a sinceridade do encontro de olhares.
A espontaneidade da presença física.
Queria ser compreendida
Queria ser amada
Queria...