Eu vejo arte por toda parte
Eiras, trancos
Platibandas, solavancos...
Beiras, barrancos e asas,
Sobreiras nunca estanques
Letras em ânimo e a forma
De palavras acesas, janelas
Que ainda florescem em casas,
Crescem em vasos à flor da pele
Sem esmorecer ao vento,
Eu prevaleço esquecendo a hora
Do fechar as abas do livro
E a voz da poesia que me valha,
Eu não terei arrependimentos
Eu vi tantos viverem tão mal, de sobejo,
E outros tantos morrerem tão bem ao ranço,
Sem jamais saber alcançar a beleza nata
Que sempre esteve dentro
Do amor que não é longe
Para quem não desiste afoito
De exorcizar seus medos sem data,
De soltar seus bichos e alar desejos,
Ao ensejo de ser inteiro e não migalhas.
Chega de mofar junto ao último biscoito da lata!