A nossa mãe Maria Dalva,
com tamanha dedicação,
fazia tapioca, beiju, grudes
e bolinhos de chuva,
sem que a gente entendesse
porque nessas ocasiões,
geralmente, o sol irradiava
festivamente amar-elo.
Nossa mãe Maria fazia
canjica, curau e pamonha
com o milho colhido na hora
nas plantações à margem do rio Joca
no pacato roçado do Vapor de Zuquinha.
Nossa mãe Maria
costurava roupas, cerzia
nossas vestes esgarçadas
nas peraltices do dia-a-dia
em sua máquina antiga,
estrategicamente posicionada
próxima à janela da sala-de-estar
só para ficarmos ao alcance
da sua vista, de sentinela
Como que um anjo da guarda
que, entre um afazer e outro, se ajeita
e alonga o braço para nos proteger...
E seu pensamento bastava
para nos abençoar
e seguir crescendo. Crescemos?
Hoje não temos mais
quem nos assopre os ferimentos,
mas sua lembrança ajuda
a curar as dores da alma,
apesar do coração partido, de saudades,
toda tarde quando o sol se deita.
Saudades do teu sorriso,
saudades da tua benção à noite...
saudades do aperto do teu abraço.