sábado, 5 de novembro de 2011

O PREÇO DE MADÁ - Por João Ludugero


De salto alto, 
ela requebra, balança,
cai, mas não se prostra na lida   
ao atravessar viadutos, altos e baixos.
De quebra, se debruça, se enxerga 
pelo retrovisor dos automóveis
de luxo, desnuda ela entrega a carne
faz a barganha por outras bermas, 
com uma lágrima presa 
na garganta, profunda, 
apressa o passo, abre as pernas
estende a alma que ficou longe dali,
como quem sonha, pensa em ter vida própria, 
vez que a sua há tempos ficou guardada 
noutra realidade menos cuspida
que neste poema não se concluirá,
não será soneto, mal soará,
sem chave de ouro:
posto que é sorvedouro,
uma esponja rústica, espessa,
apenas um mata-borrão de angústia
que não apaga o suor ardente 
no semblante de Madalena,
lágrima vertente a escorrer 
quase oculta num canto da boca
dessa mulher de vida dura,  
consciente que mão nos lábios e tal
não é apenas batom, mas atura os ais,
reborda as vestes, cinge as urdiduras
das impostas camisas de força, 
antes de recompor a moldura de Vênus
que a expõe na tela da vida real,
antes da batida final 
do martelo do arremate. 
Dou-lhe uma, dou-lhe duas... 
Quem dá mais? 

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