Eu vi a lua toda nua
enxerida que só vendo
a espionar meus passos,
de quina para a rua a brilhar,
a pratear os traços que invento
a acender néons em penumbras,
a lantejoular pensamentos ao acaso,
questionando o que eu faço ao relento.
Entrementes, atrevida ela me diz
dos sonhos acordados porvir,
remexe em outros guardados
e faz brotar outros pingentes em jade,
talismãs que tomam conta do meu coração
que nunca me fez santo,
que fica detido na crista da maré
cheia de tantas e quantas histórias vividas,
depois de tantos sóis,
depois de tantas luas,
harmonizadas numa música
que não se escuta em nenhuma rádio,
que só me diz pra ser são e seguir a contento
ao crer num amor que me cura os quebrantos.