sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

PALAVRAS QUE VARZEAMAM, por João Maria Ludugero

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PALAVRAS QUE VARZEAMAM,
por João Maria Ludugero


Há palavras que nos levam
Muito além das quatro-bocas
Como se tivessem asas.
Palavras de amor, de esperanças renovadas,
De rua grande de amor, de astuta lida louca.
Palavras cruas que consentidas
Beijam flores além das onze-horas
Quando a tarde alaranja o rosto
Que me nina a correr dentro e alto,
Sem medo da cuca toda esbaforida;
Palavras que se recusam a manjar
De repente, a cercas do lusco-fusco.
De retoque, coloridas ao vento
Entre palavras ao desvão sem cor,
Verdes esperas desesperadas
Como a poesia ou o amor não cabotino em peleja
Que nos faz assanhar até mesmo os pelos da venta...
E o nome de quem se varzeama
Letra a letra é deveras revelado
Nos Seixos ou num lajedo distraído
Na roça de Vapor abandonada às coivaras
Nos Ariscos das mangas, das canas-caianas ou curimbatórias
Na Lagoa Comprida, no açude do Calango
Ou nas vertentes Formas, quiçá no Itapacurá das pimentas,
Dos cajás, das jacas e das pitombas de dona Julieta Alves
Do caçuá dos cajus e das castanhas, dos beijus, das tapiocas,
Das farofas, dos brotes e dos grudes de araruta, dos temperos
De dona Zefinha, das farinhas-de-mandioca e das macaxeiras
Lá do sítio do inesquecível Tio João Pequeno...
Palavras que nos elevam a gosto
A correr dentro e alto, sem medo
Da tal cuca esbaforida e tão maluca
Aonde o agreste não se entrega em fastio,
À súplica dos fortes varzeanos sem enfado
Bem-abraçados contra o pesar do vão estio
Na mais bela seara de São Pedro Apóstolo!

Minhas Flores desabrochadas

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