quarta-feira, 31 de julho de 2013
terça-feira, 30 de julho de 2013
LUME DE POETA, por João Maria Ludugero.
Mil e um versos libertos,
Uma candeia flamejante
Além dos três pedidos,
A estrela cadente
Um tapete mágico
Um príncipe poeta sedento,
Uma estrada ao desvão.
Efeito colateral da solidão:
O poeta chora poesia,
O cantor chora cantiga,
O amante se despe no amor investido,
A lua pingente se entrega ao ávido sol.
O sonho acordado em palavras se apraz,
Repleto de esperanças renovadas
A despojar-me das alegorias,
Mergulhando afoito no riacho do Mel.
Desabotoando a saudade da Várzea das Acácias,
Desatando dores em buquê de jasmim
Ao desabrochar a avidez da flor
Feito um colibri apaixonado.
domingo, 28 de julho de 2013
ADEUS, DONA MORTE!, por João Maria Ludugero.
E o Supremo Arquiteto disse:
- Olha aqui, dona morte,
Queira recolher sua foice!
E foi-se…
Esbugalharam-se
Os tempos de amargura
E os ventos do rancor exauriram-se.
No meu coração possuo
Uma flor de jasmim-manga...
Tenho um sorriso, a correr dentro,
Um riso que nunca previ…alto, radiante.
Porém, não gargalho a mangar da lida,
Crescem sorrisos de todas as bandas,
Tenho sementes...
Pela vida a dentro.
quinta-feira, 25 de julho de 2013
DIVAGAÇÕES, por João Maria Ludugero.
Que canção há de desencantar o inenarrável,
Que verso há de vislumbrar o indefinível?
Como contemplar um sossegado encanto
Se antes não houve um toque sem tocar, um olhar sem ver
A alma exposta ao amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como vai alguém te amar, sem nunca mereceres?
Amar o perecível que cai ao redemoinho,
O nada a correr ao desvão
De um enlevo esbugalhado,
Virado em pó, a poeira soprada
Ao toque da célere ventania,
É sempre um despedir-se,
Um correr a divagar
Por fora do/ente.
quarta-feira, 24 de julho de 2013
O PAVÃO AO PÔR-DO-SOL, por João Maria Ludugero
O pavão abriu a cauda
Tipo um arco-íris
Sobre o açude do Vapor,
Levado da breca,
Arteiro e medonho,
Disputando com o poente
Pra ver de quem era
A cor mais viva e bonita
Lá da Várzea das Acácias...
Puá! riu o sol poente alaranjado
E clamou a correr dentro e alto:
- Tu és apenas a beleza ao Vapor!
E eu sou o rei Sol,
Dono de todas as cores
Que correm dentro da Várzea!
terça-feira, 23 de julho de 2013
AVIDEZ DE POETA, por João Maria Ludugero.
Eu sou como eu sou
Ávido poeta, com ânimo
Criatura renovada a perseguir
Desde o dia a raiar
Em presentes esperanças,
A partir da pessoa que iniciei
Na medida do impossível
Eu sou como eu sou
Dono de um coração partido
Imenso assim mesmo, inteiro,
Agora, já sobreposto além das arestas,
Sem maiores mistérios dantes
Sem novos discretos dentes
Expostos ao céu vertente
Neste instante avanço
Pelas quatro bocas,
Adianto-me a andar
A levar os andores
Pela praça do encontro,
Consigo ir além do/ente.
Eu sou como eu sou
Dadivoso presente
Exposto a desferrolhar o tempo
Feito um bocado sem fim...
Eu sou como eu sou,
Arteiro menino de janeiro a janeiro,
Abençoado vidente poeta a manjar
A ventilar além dos pelos da venta,
Que vive tranquilamente afoito aprendiz
Sem medo da cuca pegar,
Todas as horas da lida,
Nesse pátio de jaz/mim.
domingo, 21 de julho de 2013
TEIA, por João Maria Ludugero.
Dentro da agitação do dia
A voraz aranha tecia alto
A sua rede esfuziante
À espera da presa ouriçada
E depois, dormia...
Com cara de inocente,
Na calada da penumbra
A aranha se assanha que sonha,
Desejos tecia à torta e à direita,
De todos os lados,
De banda ao desbunde...
E em sua rede vislumbrada
Encontra o louco amante.
Depois, o prendia sem trégua,
Em seus gemidos dilacerantes...
Abraços, laços e…desates
Ao final, na conjectura do amor
Em êxtase, a aranha arteira,
Docemente, só ria, medonha!
sábado, 20 de julho de 2013
VÁRZEA DE RARA BELEZA SINGULAR, por João Maria Ludugero.
Um pedacinho de terra
À beira do rio Joca
Num bocadinho de Vapor,
De beleza simples sem par...
Jamais a natureza de São Pedro Apóstolo
Apostou nessa serena beleza,
Jamais algum menino medonho
Teve tanto para cantar e ralaxar
Num pedacinho de terra
De beleza tão singular!
Seara da moça faceira,
Da velha dona Suzéu,
Várzea da praça do Encontro,
Da velha algarobeira
Da professora Zilda Roriz de Oliveira,
Onde em tarde fagueira,
Vou à lida reverdecido a contento...
Teu açude do Calango,
De água verde-musgo
É ternura de beldroegas,
É poema de passagem ao luar,
Lugar onde a lua vaidosa
Sestrosa, dengosa à varzeana,
Vem se espelhar prateada!
AOS MOLDES DA FÊNIX, por João Maria Ludugero.
Ciente eu desperto meus sentidos
Para que não desmorone tudo
De belo e formoso que me molda.
Não apago as cinzas da vida,
Pois a partir delas me ventilo,
Vislumbro os pelos da venta,
Não entrego os pontos de partida,
Aprendo a renascer com afinco,
Ao me reacender nas cores vibrantes
Que me carregam a correr dentro.
Porque o homem sábio não se entristece
Com as tintas que não possui,
Mas rejubila-se com as que tem.
quinta-feira, 18 de julho de 2013
CONTENTAMENTO, por João Maria Ludugero.
Ora quero a leveza da simplicidade...
A doçura de um coração puro
Feito o da minha Mãe Dona Maria Dalva.
Ela me emocionava tanto assim
Num sagrado contentamento
Com os mais sinceros gestos de carinho.
Quero o conforto e o aconchego
De um abraço, um cafuné, um dengo...
Quero o calor de um amor
Que me faça crescer confiante
E a luz da vida esbanjando milagres
Quando me pego a correr dentro e alto...
E assim, de repente, o astro rei invade minha alma
Que se ilumina adiamantada,
Enquanto novas esperanças brotam radiantes
A fazer o sol crescente se inteirar tangente
Na imensidão abrupta da lua de prata.
PERFEIÇÃO, por João Maria Ludugero.
Junto de mim apareceu
Um anjo na forma humana,
Em suas mãos eu vi
Uma enorme lança iluminada.
E na sua ponta de prata,
parecia haver um fogo divino.
Eu senti várias vezes como se o anjo
A embutisse várias vezes no meu peito,
De forma que adentrou
Todas as minhas entranhas...
Quando ele a puxou, tirou com ela
Meu fígado, dentre as tripas...
E me deixou totalmente costurado
Com o grande amor de Deus.
A dor imensa me fez gritar ao silêncio
E reviver várias vezes.
Estou vivo, a comemorar tamanho desfecho,
Sob as graças do Supremo Arquiteto da Vida!
MENINO MEDONHO, por João Maria Ludugero.
Eu que ando nas rajadas do vento.
Ando curando as feridas...
Me ninando às brisas amenas,
Colhendo dádivas da vida.
Torno-me imenso
Ao me levar no infinito azul
Pelos ares afoitos e medonhos,
Com o sangue encarnado, às escâncaras.
Não me estanco pela ventania,
Vejo o tempo passando.
E eu o queria lento, sem me exaurir...
Ele descamba pelos cata-ventos inflamados
E nem sabe como sou apaixonado!
Como tenho sonhos acordados!
Como me envolvo em abraços
Que não se extinguem
Quando se dão aos meandros
Ao desvão, a divagar no pensamento.
Eu sei por quais caminhos me abranjo e ando.
Permaneço em meus voos arteiros,
Dentro e alto com minhas asas coloridas...
quarta-feira, 17 de julho de 2013
ACHADO, por João Maria Ludugero
Aprendi com um importante achado:
Felicidade é a combinação
De sorte com escolhas bem feitas.
A partir daí a gente se encaixa de vez,
Dentro e alto, sem esquecer das tintas
Nem dos pincéis que nos destinam
Ao essencial encontro das graças,
Até mesmo sob as dádivas
De se esbugalhar aos solavancos,
Sem medo de ser feliz,
Aos trancos e barrancos!
terça-feira, 16 de julho de 2013
PERA, UVA OU MAÇÃ: SERELEPE BRINCADEIRA, por João Maria Ludugero.
Eu não deixo que a vida leve
De mim as coisas boas,
Por um punhado de outras
Que não deram certo.
Não me assusto à toa,
Passo a correr dentro,
A me bulir sem bulas, breve,
Sem medo da cuca pegar...
Há sempre recomeços
Para continuar a viver.
Eu pego essa trilha e zás!
Estou vivo e cheio de vontade
De me esbugalhar em aventuras.
Porque a vida tem um bonito raio solar...
E o entardecer não vai me alardear em laranjas,
Mas vou abocanhar doces peras e maçãs
Ou quem sabe me entregar às uvas!
sexta-feira, 12 de julho de 2013
SENSATOS ACORDES, por João Maria Ludugero.
As coisas importantes moram
Alto na parte de dentro.
O de fora, o tempo apaga,
A chuva leva, o vento desfaz.
Façamos da interrupção um caminho novo.
Da dor, pincele destemidas tintas
Na plena certeza do alívio...
Da queda um passo de dança,
Do medo uma escada,
Do sonho uma ponte,
Um acorde a contento,
Da procura uma praça ao encontro!
quinta-feira, 11 de julho de 2013
UMA ESTRELA CHAMADA JORDANA, por: João Maria Ludugero
Jordana, minha filha, sejas assim
Sempre uma pessoa inteira
Luminosa estrela
De primeira grandeza
Eterna candeia a ofuscar as sombras
E prevalecer acesa sem medos do escuro
Sem jamais temer aos calafrios
Que dão na espinha quando
Ganhas espaço e acabas voando
A acordar teus sonhos e alvo
E que ainda plena e verdadeira
Afugentes do teu caminho
A linha do impossível
Que debeles o arco do invisível
E na aventura, ainda vestida
No teu maiô azul, por mim antevisto,
Faças dos sonhos a arma mais certeira
Que tu , ó Majella, venças assim
Sem receio aos mitos do invencível
Fazendo bom uso da força e munição
Do teu coração gigante, tua arma maior,
Sem nunca deixar se apagar esse ávido pavio,
Essa chama perene, infalível, esse amor
Que derrete qualquer iceberg
E ainda aquece, feito ardente fogueira,
A alma da gente que carece de tua mão
Que jamais abandona aos que estão
Prestes a morrer de frio no abismo
Ou afogando-se nas ondas de um mar bravio
Como bem lembrado do episódio da Redinha
Em que, no uso de tua coragem, salvaste um amigo!
quarta-feira, 10 de julho de 2013
MINHA VÁRZEA, MEU AMOR, por JOÃO MARIA LUDUGERO
A Várzea alvorecida, no coração do poeta,
Entre pregões matinais,
Subitamente, desperta.
Para trás das margens do rio Joca,
Nasce a manhã, no Vapor,
No verde dos juazeiros,
Nas águas doces e salobras.
Canários de chão alçam voo
Nos riachos varzeanos.
Pescadores de jacundás a landuá
Pescam o silêncio do rio da Cruz.
Num bosque de mata-pasto,
Atrás do rio de Nozinho,
Desabrocha o bom algodão
Em brancos cachos de fibras
Ao toque de ideias movidas ao vento,
Nas tardes do açude do Calango.
O sol se pondo ameniza a tarde,
Entre a Vargem e os bueiros,
Repõe laranjas ao lusco-fusco,
Desde a praça do encontro.
A noite cai. Cães vadios pelas quatro bocas,
Ladram nas ruas e becos, à distância.
Deslizam sombras esquivas,
Nas esquinas da lembrança.
Todos os que se mudaram
Para a outra banda da vida...
E dormem, no campo santo
Da cidade reverdecida.
Vêm a mim, me cumprimentam,
Comovo-me ao recebê-los,
Baila uma fina poeira ao horizonte,
Em torno dos meus cabelos.
Converso com Seu Plácido Nenê Tomaz de Lima,
Despachado em regalias e brotes de araruta.
Abraço dona Maria Dalva,
Minha doce mãe querida,
Que agora virou estrela na minha lida.
Passeio no Retiro de Seu Olival,
Conduzo-me a uma Nova Esperança, à Forma,
Da rua grande me atravesso inteiro,
De frente para a Brasiliano Coelho.
Moças varzeanas debruçadas na janela.
Dona Marica me inspira
E me dita a lição no Educandário Pe. João Maria,
Em plena tabuada e ABC.
Começa tudo de novo,
Pela estrada do aprender.
Ouço as valsas dos Ariscos de água doce,
nas tardes de antigamente.
Entre Seixos, Itapacurá
E o Maracujá de dona Melizinha...
Aboio um boi-de-reis feito Mateus Joca Chico,
Sou eterno menino varzeano novamente.
As ruas se embandeiraram de contentes,
Há lanternas pelas portas destrancadas,
E São Pedro Apóstolo do topo da igreja
Acorda Bita Mulato, entre o riso e a saudade
De pessoas que já foram morar no reino de Deus.
Meus pés de menino varzeano vão que se vão,
A correr dentro e alto, nessas ruas do sem-fim…
O tempo não conta mais,
Partiu-se, dentro de mim.
Nesse baú de lembranças,
Guardado pela memória em jasmins,
Minha vida se inicia, escrevo versos até sem rima,
Recomeçando minha história varzeana desde as raízes.
Adeus, até outro dia!
segunda-feira, 8 de julho de 2013
REENCONTRO AO AMANHECER, por João Maria Ludugero.
De um sonho de primavera,
Acordo antes do amanhecer
Em um mundo repleto
Do canto dos passarinhos.
Chegou-me assim, de repente,
Depois de um tempo de tempestade,
Vento e chuva na terapia eu lembro,
De dez mil flores dentro da minha alma...
Daí perguntei-me quantas
podem ter caído na penumbra.
Mas, sem perder a compostura,
sobrevivi ao pavor...
E, longe da maldição, contento-me.
Deixando-me bem-querer o reencontro.
Afoito, persisto no voo, já atento e reverdecido!
ACONCHEGO por João Maria da Silva.
Já percebi que só o amor desbasta o ego.
Enxuga excessos, delata as mínguas.
Enaltece ânimos ao aconchego.
Transforma as mágoas, destrona arrogâncias
e idealizações patentes. Desmancha certezas
e tece oportunidades, sem medo da cuca pegar.
Esbugalha a autoimagem todinha,
piedade zero, culpa nenhuma.
Só o amor percorre territórios devastados da alma
com a calma necessária para reflorestar um a um.
Dissolve penumbras. Revela o sol
a reverdecer descaminhos,
Destece abruptas máscaras.
Reinaugura a humildade.
Refaz ventania pelas quatro bocas em órbita,
da rua grande até a praça do encontro.
Faz chorar ou sorrir, sem composturas.
Faz tempestade um monte de vezes a dentro,
só pra fazer chegar também o céu azul
um monte de vezes depois!
domingo, 7 de julho de 2013
PELEJANTE SINA, por João Maria Ludugero.
Não importa o descaminho
onde a lida te fez parar....
Em que momento da vida
esmoreceste às encruzilhadas.
O que vale a pena é que sempre
é possível recomeçar.
É que tem outras formas
de se deixar levar a correr dentro.
Que não seja apenas o grito
que te chame a um afoito pelejar
feito sanhaço só
depois de tantas luas,
Que não seja apenas o vento
que te mova além da folhagem.
Que a coragem te alcance inteiro,
sem medo da cuca pegar.
Que te permitas se alastrar
às coisas simples, a contento,
De tal sorte possíveis de mostrar
a leveza dessa vida.
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