segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O PATINHO QUE NÃO ERA FEIO, por João Maria Ludugero

- Eta patinho escancarado de feio! 
Caro amigo, limpe essa vista, 
pois só podes estar com areia nos olhos. 
Compadre, eu te aviso desde já: 
Larga mão disso, dá até cadeia ficar 
com um ente feio assim!
Ledo engano, com o escoar das horas, 
esse pensar torto desmorona as aparências. 
Aprende-se que só é mesmo feia, de fato, 
a criatura que não se ama, porque 
em se gostando, se completa, 
acha-se logo a tampa, 
eira e beira a inteirar a beleza!

DEZEMBROS EM CHEIROS E RUÍDOS, por João Maria Ludugero


Já penso em dezembro, depois de sair 
num dia de sol de verão, sem cansaço,
o que me apetece a arrumar a vida. 
Apetece-me pensar nos cajueiros 
em flor do sítio do Itapacurá, 
no carrego das mangueiras dos ariscos, 
nas pitombas  outra vez, num recomeçar teimoso 
a sentir o vapor das horas que orvalha a tarde amena
da minha terra, lá regressar só para mergulhar 
no retiro de Seu Olival, cimentar a certeza 
de que melhores dias virão.
Apetece-me regressar acolá, 
preparar as achas para acender o fogo de lenha, 
abrir as tramelas das janelas, 
calçar nada, passar sebo nas canelas 
e moleque disparar pelas capoeiras 
até chegar ao açude do Calango, 
antes do sol nele se deitar.
Em dezembro já há um gosto de cajus doces, 
amarelos e encarnados, na minha boca 
e por isso não me importo que o vapor se desprenda do riachão, 
ganhe a aragem da tarde amena, trazendo à tona os cheiros 
e ruídos da minha Várzea das Acácias.

Minhas Flores desabrochadas

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