sábado, 30 de outubro de 2010

Comemorando o Halloween

Em clima de Halloween, escolhi postar as Poesias dos Mestres Augusto dos Anjos e Edgar Allan Poe.
Os versos destes poetas expressam as tristezas e a solidão da alma humana

Soneto


Aurora morta, foge! Eu busco a virgem loura 
Que fugiu-me do peito ao teu clarão de morte 
E Ela era a minha estrela, o meu único Norte, 
O grande Sol de afeto - o Sol que as almas doura!
Fugiu... e em si a Luz consoladora 

Do amor - esse clarão eterno d'alma forte - Astro da minha Paz, 
Sírius da minha Sorte
E da Noute da vida a Vênus Redentora. 
Agora, oh! Minha Mágoa, agita as tuas asas, 
Vem! Rasga deste peito as nebulosas gazas
E, num Pálio auroral de Luz deslumbradora, 
Ascende à Claridade. Adeus oh! Dia escuro, 

Dia do meu Passado! Irrompe, meu Futuro; 
Aurora morta, foge - eu busco a virgem loura!


Augusto dos Anjos

ANNABEL LEE
















Annabel Lee  - Edgar Allan Poe 
(Tradução -  Fernando Pessoa)

Foi há muitos e muitos anos já,
Num reino de ao pé do mar.
Como sabeis todos, vivia lá
Aquela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar. 

Eu era criança e ela era criança,
Neste reino ao pé do mar;
Mas o nosso amor era mais que amor
O meu e o dela a amar;
Um amor que os anjos do céu vieram
a ambos nós invejar. 

E foi esta a razão por que, há muitos anos,
Neste reino ao pé do mar,
Um vento saiu duma nuvem, gelando
A linda que eu soube amar;
E o seu parente fidalgo veio
De longe a me a tirar,
Para a fechar num sepulcro
Neste reino ao pé do mar. 

E os anjos, menos felizes no céu,
Ainda a nos invejar...
Sim, foi essa a razão (como sabem todos,
Neste reino ao pé do mar)
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar. 

Mas o nosso amor era mais que o amor
De muitos mais velhos a amar,
De muitos de mais meditar,
E nem os anjos do céu lá em cima,
Nem demônios debaixo do mar
Poderão separar a minha alma da alma
Da linda que eu soube amar. 

Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos
Da linda que eu soube amar;
E as estrelas nos ares só me lembram olhares
Da linda que eu soube amar;
E assim 'stou deitado toda a noite ao lado
Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,
No sepulcro ao pé do mar,
Ao pé do murmúrio do mar. 

Minhas Flores desabrochadas

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