terça-feira, 6 de outubro de 2015

A VARZEANIDADE DEIXOU MARCASNO TEMPO DA VELHA INFÂNCIA: VÁRZEA, ESSA É A DIFERENÇAA CORRER DENTRO DA SAUDADE,por João Maria Ludugero.

A VARZEANIDADE DEIXOU MARCAS
NO TEMPO DA VELHA INFÂNCIA: 
VÁRZEA, ESSA É A DIFERENÇA
A CORRER DENTRO DA SAUDADE,
por João Maria Ludugero.

Ando a bancar o destemido
Driblando o açoite da tarde
Pra sobreviver aos rufos da saudade
quando a tristeza corrompe
o espelho interpela atroz
O redor se espanta em arrodeios
Chego a assanhar até mesmo os pelos da venta
Sem medo da cuca esbaforida
Esbugalho as folhas do receio
Em mãos meu álibi de bem-te-vizinho
A alaranjar os mulungus em flor ao Gravatá,
Mas faz-me sanhaço só ao arrebol
Lá pras bandas do Vapor de Zuquinha,
Além do horizonte de São Pedro Apóstolo,
Disposto na torre da igreja-matriz,
Sem dar as costas para a rua do arame.

Vejo-me além dos verdejantes juazeiros
Rumando ao caminho do Riacho do Mel,
Encontro-me verde-musgando aos Seixos
Sem medo do Gado Bravo na presente lida
Acho-me nas Formas desde o Umbu ao Maracujá,
A renovar as esperanças lá pela seara
de prendada dona Tonha de Pepedo.

Um dia me larguei num bueiro da Vargem
Com minha alma a perguntar o porquê
A satisfação é gritante e não me grila
A correr dentro do Itapacurá das pitombas
Lá do sítio da inesquecível Julieta Alves,
Lá da casa de farinha de tio João Pequeno
A degustar grudes, cocadas, beijus e tapiocas
Numa ávida loucura que me dilacera o peito
No seio da Várzea de madrinha Joaninha Mulato,
Recanto dos picadinhos e dos crocantes torresmos
Que bem fazia dona Rosa de Antônio Ventinha...

Várzea, minha Várzea das Acácias,
Chão-de-dentro do equilíbrio das pernas astutas,
Do autêntico menino João maduro Ludugero levado da breca
Que me levanta sem carecer de pára-quedas, nem rimas,
Se caio, se dói, se aperta, se machuca, eu disparo
Diante do tô-fraco dos guinés ou galinhas d'Angolas,
Perante a praça do Encontro Kleberval Florêncio,
De frente ao Recanto do Luar de Raimundo Bento,
Transbordam lágrimas a marejar meus olhos d'água
A desabrochar flores agrestes de jasmim-manga
Perante a escola Dom Joaquim de Almeida,
Ao passo em que meu coração jaz em mim,
Coroado de flores e essências de saudades
Passadas a limpo num átimo de segundo,
Além das quatro-bocas da Várzea dos Caicos!

terça-feira, 4 de agosto de 2015

ASSANHADOS VENTOS DE AGOSTO, por João Maria Ludugero

ASSANHADOS VENTOS DE AGOSTO,
por João Maria Ludugero

E mal surge o alvorecer de um novo dia,
Logo fica soprando livre, leve e solto
Em minha janela espairecida
O vento de agosto.

O vento de agosto

A chamar para a benfazeja seara
Com seu astuto e afoito bem-te-vizinho
Aquele menino João maduro Ludugero,
Sem medo da cuca esbaforida,
Sem carecer de ser cabotino,
A assanhar até mesmo os pelos da venta!

quinta-feira, 25 de junho de 2015

CANTIGA VARZEANA, por João Maria Ludugero

 
 
 
CANTIGA VARZEANA,
por João Maria Ludugero

Se acaso me perguntares onde fica Várzea
Sigo a rota que o meu coração partido invade,
Cruzo pelas trilhas de algum cabra da peste
A colher, feijão-verde, milho, macaxeira, maxixe, jerimum
E comungo ao canto de um astuto bem-te-vizinho afoito
E bem me achego ao rincão do Maracujá ao fim da tarde amena
Ou me deparo ao Umbu a partir de uma manhã espairecida,
Tendo o sol como uma brasa que ainda arde ao Vapor,
Mergulhando num Riacho do Mel repleto de varzeanidade,
A marejar meus olhos d'água a transbordar de saudades,
Ao andar, a correr dentro e a voar alto pela seara de Ângelo Bezerra,
Terrra da inesquecível madrinha Joaninha Mulato!

Tanta e quanta cantiga agreste e brasileira
Desta terra que eu amo desde menino levado da breca,
Em flores de marmeleiros, macambiras, gravatás, beldroegas,
Jatobás, canapus, urtigas, juncos e melões-de-São-caetano,
Verde-musgados Seixos das mangas, cajus, cajás, jenipapos,
Terrra dos mulungus das quebradas do açude do Calango...

E na hora do arrebol que ainda me nina
Observo o sol do agreste entardecer alaranjado
Com o Gado Bravo vindo virar minha cabeça,
Sem medo da cuca esbaforida, mas, se preciso for,
Sou mesmo de assanhar até os pelos da venta
Para dar Formas aos momentos de viver
E nos olhos vou levando o encantamento
Desta Várzea que eu amo com tamanha devoção.

E cada poema que eu componho é um pagamento
De uma dívida de amor e da mais sincera gratidão.
Escuto a cantiga potiguar e brasileira
Desta Várzea que eu tanto amo desde cedo,
Flor de vida, Itapacurá de mel de abelhas europeias,
Recanto de caldo de canas-caianas e curimbatórias
Lá do engenho de tio João Pequeno e dos carregos de sacos
De pitombas, alguidares de paçocas e queijos de coalho
Lá do possante sítio da inesquecível dona Julieta Alves;
Arisco de Virgílio Pedro das mangas, castanhas e cajus,
Sem jamais esquecer dos beijus, grudes e tapiocas
Lá da casa-de-farinha de dona Tonha de Pepedo,
Seara de amores e das mais renovadas esperanças.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

SÉRIE: RELICÁRIO DA VARZEANIDADE, por João Maria Ludugero


 
 
 
 
 
SÉRIE: RELICÁRIO DA VARZEANIDADE,
Autor: João Maria Ludugero


Eu, terno menino poeta João maduro Ludugero,

Bem sei que trago no coração uma saudade sábia,
Feito menino levado da breca, sou de assanhar
Até mesmo os pelos da venta ao Vapor,
Pelas quatro bocas dos Seixos aos Ariscos de Virgílio Pedro,
Do Maracujá ao Umbu das jacas, cajus e dos cajás-mangas,
Pelas casas-de-farinha do Itapacurá de Tio João Pequeno
E do carrego de pitombas de dona Julieta Alves,
Pelas Formas a encontrar o Gado Bravo,
Pelas macambiras do Gravatá à Lagoa Comprida,
Da beira do rio Joca ao açude do Calango,
Pelas trilhas da Várzea dos Caicos, dos Marreiros,
Pelas renovadas esperanças de dona Tonha de Pepedo,
Deixando as coisas passarem,
A andar, a correr dentro e a voar alto
Como se não passassem pela seara
Da inesquecível madrinha Joaninha Mulato;
Livrando-as do vão do tempo.
O caminho está construído com afinco
E eu permaneço em contínuo desafio,
Salvando a sua essência num legado
Da mais plena e pura varzeanidade.
É a única maneira, aliás, de lhes dar permanência,
Ou seja, imortalizando-as no fundo do peito
Num singelo e esplêndido relicário de amor
À bonita terra agreste de Ângelo Bezerra.

domingo, 31 de maio de 2015

VARZEANIDADE EM SONHOS, por João Maria Ludugero

 
 
 
 
 
 
VARZEANIDADE EM SONHOS,
por João Maria Ludugero

E a partir das quatro bocas até chegar à praça do Encontro Kleberval Florêncio, bem lá de frente ao Recanto do Luar de Raimundo Bento, no meio de toda e qualquer rua grande existe sempre um vendedor de sonhos, ou melhor, um vendedor de algodão-doce, de mexericas, pitombas, puxa-puxas, quebra-queixos, raivas, soldas, carrapichos, brotes, caldo-de-cana, bolos pretos, de mandioca, de fubá, de batata-doce, roscas, pitéus e regalias em peitos-de-moça, linguas-de-sogras, xibius, paçocas, cocadas da branca e da queimada, beijus, munguzás, tapiocas, grudes de coco, pipocas entre outras delícias para quem até que não lhe dá o devido valor. Mas não adianta fugir, um magote de meninos levados da breca o vão ver, pois acreditam no seu poder de gerar sonhos que vão longe, a andar, a correr dentro e a voar alto pelo interior da Várzea dos Caicos.

O menino João maduro pirraça, pede, chora, sussurra, implora, executa a velha chantagem emocional, que novamente funciona e acorda o sonho. São de vários formatos, lumes, cores e essências que se adaptam a todas as criaturinhas cheias de tantas e quantas estripulias. Essência de ser criança e de ser feliz, que faz o sorriso nascer em todas as caras de meninos e meninas bem-apanhados a correr pelo chão-de-dentro das algaravias da seara da inesquecível madrinha Joaninha Mulato.

E num átimo de segundo, zás! A corda que amarra o menino João maduro Ludugero não o prende ou segura o laço de varzeamor com seu pequeno dono, que escapa solto na liberdade de sua cabeça, sem medo da cuca esbaforida, mas se preciso for, é mesmo de assanhar até os pelos da venta.

Oh Supremo Arquiteto do Universo, oh Deus! O dia se vai embora, mas para os baixinhos não é choro nem ranger de dentes, nada de tristeza; nem para os pais é dor de cabeça nem dinheiro jogado fora, pois, deste a chegada do lusco-fusco dentro da tarde amena que ainda anima e bastante me nina a correr dentro da seara do astuto e afoito bem-te-vizinho, além do Vapor de Zuquinha, além dos Seixos dos cajus e das castanhas, dos Ariscos de Virgílio Pedro, detentor de tantas mangas, cajás, jacas, jatobás, bananas, canas caianas e curimbatórias, além dos grudes, beijus e tapiocas da Nova Esperança de dona Tonha de Pepedo, além do Itapacurá do carrego das pitombas, seriguelas, farofas e torresmos lá do sítio de dona Julieta Alves, além das farinhadas, mingaus e canjicas de dona Zefinha de Tio João Pequeno, além do Gado Bravo no laço das Formas, além do Maracujá, dos Gravatás, das vertentes Lagoas Compridas e dos Umbus a bem-apanhar de tamanhas saudades o coração da gente, a fazer transbordar nossos olhos d'água além da seara do rio Joca...

Como em conto de fadas ou na estória da carochinha, a moral existe, o menino esvoaça contente, sobe, vai além do que se pode espiar e ver, o ponto de vista muito depende dos olhos que ainda me ninam, os pequenos entendem como os acordes se dão, juntamente aos sonhos que se vão pela seara de Ângelo Bezerra, os maiores como um simples balão de São João. Multicoloridos balões são como sonhos dispostos numa animada festança, no anarriê do inesquecível senhor Geraldo 'Bita' Anacleto de Souza, em quadrilha a alavancar a alegria pela Várzea de São Pedro Apóstolo.
Ludugero escolhe o que mais se encaixa na varzeanidade, ao seu gosto, tem sempre alguém pronto para lhe fazer apaixonar pela sua mais singela e tão esplêndida terra dos papa-jerimuns e dos babaus de batata-doce com leite de coco, e tem significados esfuziantes, e essa importância de quem a contempla é completa na opinião de quem vê e enxerga o seu interior, recheado de tantas delícias, lumes, perfumes e esperanças novas, sem carecer de ser cabotino.

Além do que se pode enxergar existe luminosidade ganhando o céu de São Pedro e um sonho ganhando um coração ou vice- versa nos dois casos: o céu ganha um azulão estrelado, bem alinhado sob o esplendor da estrela Dalva e o coração do menino João maduro Ludugero um sonho acordado a versejar poemas, cantigas, que são acesas coivaras de fogueiras em sonhos...

sexta-feira, 6 de março de 2015

VÁRZEA-RN VAPORIZANDO EM SAUDADES, por João Maria Ludugero

 
 
 
 
VÁRZEA-RN VAPORIZANDO EM SAUDADES
Autor: João Maria Ludugero

O vento passa, esvoaça dentro e alto,
O tempo passa e repassa pela Várzea das Acácias.
Tudo passa além do medo da cuca esbaforida,
Nas eiras, leiras e beiras do coração.
Lá dentro, perdura a beleza plena
Que nos faz assanhar até mesmo
Os pelos da venta, aproximando-nos
Do amor, reflorescido na animação
Das multicoloridas onze-horas.

O tempo nos traz as rugas,
Cada vez mais, rusguento nos reduz
A um só verso em eufórica cantiga
Feito afoito bem-te-vizinho ao Vapor de Zé Catolé,
Hoje sob o comando de Seu Zuquinha...

Há um tempo redobrado a correr 
Pelas bermas do Itapacurá
De Tio João Pequeno, além da seara 
Das pitombas de dona Julieta Alves.
Bom tempo a economizar, 
Além do relicário de memórias vivas.
Mas o tempo é passado a limpo, 
Além da sinfonia dos sabiás e das patativas,
Sem esquecer das cancelas e dos fojos de apanhar preás,
Depois de há tempos vestido de volta-ao-mundo ou chita
Em flores miúdas dispostas nas proezas 
Do agreste de Ângelo Bezerra
Bem assim, na avidez de varzeamar 
O interior de Madrinha Joaninha Mulato.

O meu tempo e o teu, ó rezadeira Dalila,
Ó Mãe Claudina, varzeana senhora da Luz,
Ó Carminha, que também tantos umbigos elevou,
Suas experiências transcendem qualquer medida.

Além do amor, não há nada,
Varzeamar é o sumo da vida,
Além do chão-de-dentro 
Dos galos-de-campina, dos tetéus,
Dos anuns, dos canários, dos sebitos, 
Das andorinhas e dos pintassilgos.

São mitos de arribação em tantas horas extintas
Ao deslinde da paixão renovada em esperanças
Que já trouxeram tanto verde musgo aos Seixos
Na frutífera estação dos cajus e das castanhas
Pelo vão das mangas dos Ariscos de Virgílio Pedro,
Pelo Umbu e pelo Maracujá dos cocos, 
Canas-caianas ou curimbatórias
Pela bem apanhada colheita 
Dos cajás-mangas, tamarindos e pitangas
Ou pelo desvão do carro encantado,
tanto o ontem como o agora,
Em teus alvissareiros caminhos,
São um não deixar morrer o sonho,
Desde a lenda da mulher que chora...

E nosso amor, que já brotou sem esmorecimento
Do tempo dos queijos, das coalhadas, 
Dos beijus e das tapiocas
De dona Tonha de Pepedo, 
Enquanto isso tudo não tem idade,
Pois só quem varzeama escutou
O apelo da eterna varzeanidade
Na abençoada seara potiguar de dona Zidora Paulino,
Engenhosa dona-de-casa, arteira 
E bem-feitora de tantas iguarias,
Comidas típicas inesquecíveis assim 
Como brotes, cuscuz-de-milho-zarolho, bolo-preto,
Raivas, carrapichos, línguas-de-sogra, 
Peitos-de-moça, puxa-puxas, quebra-queixos
Em sonhos de dar água na boca 
De qualquer menino levado da breca pela Várzea
Da praça do Encontro Cleberval Florêncio, 
Neto de dona Júlia Rosa e de Seu Lula,
Inesquecíveis Mãe e Pai 
De Severino 'Silva' Florêncio Sobrinho!

terça-feira, 3 de março de 2015

INFINITA VARZEANIDADE PLENA, Autor: João Maria Ludugero

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INFINITA VARZEANIDADE PLENA,
Autor: João Maria Ludugero

Sem sombras de dúvidas, ao Vapor,Bem apanhado, completo e contemplativo,Tenho certeza que devo ser uma espéciede eterno menino João maduro Ludugero:não tenho medo nenhum de andar, a correr dentroe a voar alto nas profundezas da varzeanidade:Sinto-me um verdadeiro agreste em vida rasa,sem medo nenhum da cuca esbaforida, mas se preciso for,Nunca se meta a duvidar disso, pois sou mesmo inteiro assimde assanhar até os pelos da venta, sem calar a voz nem apagarmeus clamores, sem cancelas desde a estrela Dalva da manhãao arrebol da tarde laranja sob a seara do açude do Calango...


Quero olhar hoje a ti, ó querida Várzea,com olhos cheios de amor, ser paciente, compreensivo,manso, destemido, irmão da coragem e prudente.Ver, além das aparências, teus filhos,ó Várzea amada,Assim como tu mesma os vês, e assim não ver senãoo bem em cada um, além do jasmim-manga em flor e acimado destemido tô-fraco dos guinés ou galinhas-d'Angola!


Cerro meus ouvidos a qualquer tristeza.Guardo minha língua de toda maldade.Que só de bênçãos se enche meu espírito.Que eu seja tão bondoso e alegre, que todosquantos se achegarem a mim, sintam a tua presença,ó sagrada Várzea de Ângelo Bezerra.Cidade da cultura revestida em singela beleza.E que, no decorrer da minha vida, dia-após-dia,eu te revele em Formas, Seixos, Maracujás, Umbus,Riacho do Mel, Lagoa Comprida, Gado Bravo, Ariscos de Virgílio Pedro,Além das quatro-bocas da rua Grande aberta a todos,Além da verde algarobeira da Praça do Encontro Cleberval Florêncio,Além do Recanto do Luar de Raimundo Bento,Além da preserVARZEAção de renovadas e antigas esperanças,Além dos beijus, das tapiocas e farinhas do Itapacurá de Tio João PequenoE das carregados cajueiros, mangueiras e pitombeiras lá do sítio da inesquecível Senhora Julieta, Avó de Edileusa Alves da Cunha...


Minha Várzea de São Pedro Apóstolo padroeiro, seara do Retiro de Seu Olival de dona Penha, chão-de-dentro da rezadeira Dalila Maria da Conceição, das louceiras de alguidares, potes, panelas e chaleiras feitos por dona Ana de Manoel de Anísio, das cargas, balaios e caçuás de bugigangas, dendês, favas, feijões, milhos, aguardentes-de-cana, mel de abelhas, ovos caipiras, queijos, coalhadas, farinhas e cocadas das redondezas e recantos do interior trazidos por Seu Zé Borges de dona Di...


Ainda agora que as vozes não silenciaram nem os clamores se apagaram,aqui do pé da cama minha alma se eleva a Ti, para dizer: Varzeamo-te! Escrevo versos para ti, com ou sem carecer de rimas, e varzeamando-te com todas as minhas forças, ao Várzea/enaltecê-la, sem me encostar ou buscar amparos cabotinos!Amorteço as dores da saudade que transborda em meus olhos d'água, Deposito em escritos consentidos as mãos, as fadigas da luta, sem esmorecimento, no intuito de quebrar até mesmo o pote da fantasia, libertando o coração repleto de alegrias e encantos de um futuro presente passado a limpo, dia-após-dia, ao vão da Várzea agreste de Seu Odilon Ludugero.Se as letras ávidas me atraem, se os impulsos poéticos me dominam,se dou lugar ao amor, à paz, à Fé sem meros entristecimentos,persevero em minha batalha a honrar teu nome,Ó Várzea da estimada Madrinha Joaninha Mulato!


Tenha confiança em mim. Se fui incompleto,se pronunciei cantigas em vão, se me deixei levarpela impacto das palavras, se fui um espinho afoitoa desolar as ervas-daninhas da seara varzeana,perdão, ó Várzea dos Caicos!Nesta data não quero entregar-me ao sonhosem sentir o acordar na minha alma a segurança dessa varzeanidade,a Tua doce cordialidade inteiramente gratuita. 


Várzea! Eu te agradeço, minha terna seara do boi-de-reis de Mateus Joca-Chico, porque és a sombra fresca do juazeiro que me cobriu tantas vezes durante tantos reencontros do riachão ao Retiro de Seu Olival Oliveira de Carvalho.Eu te agradeço porque, simplesmente, carinhosa e envolvente searado rio Joca, bem cuidaste de mim como uma mãe, em todas suas horas.Várzea! Ao redor de mim tudo já é silêncio e calma, apesar da saudade que se alastra em meu peito.Envia, ó meu Supremo Arquiteto do Universo,o anjo da paz à nossa Várzea de Ângelo Bezerra.Escuta meus versos, sossega o meu espírito, solta as minhas tensões, inunda meu ser de silêncio e de serena varzeanidade.Vela por mim, Deus querido, enquanto eu me entrego confiante a escrever, como uma criança que acorda contente,tão feliz da vida em teus braços.Em teu nome, Várzea das Acáciasde Severino 'Silva' Florêncio Sobrinho,descansarei tranquilo, até que me chegue a vindoura eternidade.


Assim seja, minha amada Várzea de Xibimba,irmão de Vira de Lucila de Preta, habitantes do torrãodo estimado João Redondo de Seu Pedro Calixtoe do Pastoril de Joaquim Rosendo,das animadas festanças e quadrilhas juninasde Seu Geraldo 'Bita Mulato' Anacleto de Souza,das soldas e dos sequilhos de dona Carmozina,dos bolos-pretos, beijus, tapiocas, raivas,peitos-de-moça,puxa-puxas, línguas-de-sogra, babaus de batata-doce, sonhos,papos-de-anjos, mungunzás, canjicas, pamonhas, paçocas,quebra-queixos, cuscuz de milho-zarolho, papas, brotes,babaus-de-batata-doce feitos por dona Zidora Paulino,dos beijus, tapiocas e cocadas de dona Tonha de Pepedo,dos siris, camarões e caranguejos dos Antonios Lunga e Rodrigues,dos pastéis de Xinene, mãe de Picica de Cícero Paulino,dos hibiscos-rosas dobrados, das onze-horas multicoloridasde dona Maria Orlanda de Seu Nestor, pai do Oliveira de Alexandria,dos jogos de dama e dominó de Seu Antonio Coelho,das vaquejadas de Djalma Cruz e do inesquecível Reginaldo Ferreirade Queiroz, o 'Ré da Viúva', dos papos-cabeçade Seu Minor de dona Marina, das peladas e outros jogosna Vargem, dos banhos e pescarias no rio Joca,da bodega dos quebra-queixos e das rapadurasde Seu Zé Anjo lá na rua do Arame, das gostosas merendasfeitas por dona Suzéu, Benedita e dona Maria Gomesjunto às Escolas Pe. João Maria e a Dom Joaquim de Almeida,das tarrafas dos engenhosos e arteiros Antonios Gomes e Euzébio,dos landuás de dona Neda a pescar graúdos jacundás,piabas, aratanhas, muçuns e carás lá no rio de Nozinho,dos picadinhos de dona Sinhá, das macaxeiras,do milho-assado ou cozido de dona Alice de Abílio,da frequência do banco de Nina em roda-de-conversa,dos fuxicos multicoloridos de dona Neves,do cafuné, do abraço e dos sensatos conselhosde Dona Do Carmo, das rezas e orações de dona Onéliade Seu Raimundo Rosas, com o fito de se achar objetos furtadosou sumidos, das ornamentadas e benditas novenas e anjosdas noites de Maio de Nossa Senhora da Conceição, na igreja-matriz de São Pedro Apóstolo, do constante pedalar nas bicicletas de Zé de Estevão, do circo de dona Nanuca de Palito, dos torresmos suínosfeitos com maestria por dona Rosa de Antonio Ventinha,dos galões e litros de leite lá na casa de Seu Arnor Coelho,bem-apanhados e distribuídos por dona Albanita 'Alba' Guimarães,dos deliciosos bolos, pastéis, galinhadas, paçocas de carnecom cebola-roxa, farofas, grudes e caldos-de-cana do Bar de Biga,dos pães, bolachões, biscoitos, bolachas em regalias de Zé Epifâniolá na padaria dos faceiros pitéus do saudoso Plácido 'Nenê Tomaz'de Lima, das eficientes e primorosas aulas das professorasMaria 'Marica' Fernandes, Wilma e Dezilda Anacleto,Rosa Marreiros, Terezinha Bento Ribeiro, Zilda Roriz de Oliveira;da animada semana da cultura bem-conduzida e alinhada pela ilustre Professora Gabriela Pontes, pelos bailes e rela-buchos do Adauto do Vapor de Zé Catolé, entre as melodias 'Fernando' de Perla,do Faro-fa-fá ao bilu-teteia do Mauro Celso, Feiticeirade Carlos Alexandre, Asa branca de Luiz Gonzaga, do Grupo 'Tigres'de Zé Albano a tocar a canção 'Aline' no Clube Recreativo varzeanode Manoel de Ocino de dona Santina, da sanfona de Cícero Cego,das sinucas de Seu Lula e de Seu Otávio Gomes de Moura, pai do Maninho, do cinema de Zé Honório de Goianinha, que vinha a Várzea passar o filme em delicadas e singelas películas de Tarzan/Jane/Chita, Ringo, Conde Drácula, Django, Faroestes Caboclos, Zorro, Durango Kid, Rin-Tin-Tim, etc...


São tantas e infindas lembranças a correr dentro da Várzea das comadresOneide Maurício de Queiroz, Hernocite e Elietede Pedro de dona Sinhá, terra das luzes, amanheceres e esplêndidos arrebóis de dona Carminha e da eterna Mãe Claudina, umbilicalmente ligadas à nossa possante e destemida gente varzeana, assim como a forte e tão-bondosa Soledade (Suli) de Seu Nezinho Anacleto...Etc.




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