É tudo tão real. Parece que foi ontem. Observar a camisa em azul e a calça jeans, jogadas displicentemente na cadeira. Os tênis revirados no chão. Tudo ficava revirado diante da nudez dos seus muros, medos e limitações, deslizando verdades e sensações ao meu lado. Maravilhoso era mergulhar no mar infinito de tua mente.
Sabíamos nos revelar nas palavras, emanadas de nossas cores, gestos e pensamentos soltos. Cada respiração trocada traduzia-se na plenitude dos versos satisfeitos.
Hoje já não te falo feito antes. Apenas cristalizo minhas vozes interiores em escritos rabiscados no céu. Em canções sonorizadas pelos ventos. Respiro a energia das flores que vêm brincar na brisa. Espalho na cidade o espelho de uma alma aflita, afoita, afeita às emoções retidas na tua íris
No dia de ontem a gente se via em nosso olhar.
No dia de ontem semeávamos versos noturnos
sob a lua eclipsada.
sob a lua eclipsada.