quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

DE ANDRAJOS E ANDANÇAS, por João Ludugero


Ó rosa, porque trombuda
não percebes além do muro
que ora à rua perambulo
em andrajos
em andanças
trazendo a alma nos olhos,
qual é a sua?
Num cair de tarde desses à-toa
bem-te-vi numa boa onde moras
toda prosa, por cima do mundo.
Pensei em colhê-la só para mim,
mas matutei cá com meus botões,
como furtar o perfume da flor
se amanhã poderei vivê-la por inteiro
a me desabrochar em seus clarões
em forma de essências? 
- Mas o futuro vela... E, fielmente,
colhe as horas mais belas do presente
e delas tece o que fica além do efêmero! 
Pensei um pouco mais alto,
fiz-me girassol a entrar no clima,
despontando além do jardim
querendo acordar ensolarado,
revelando as pegadas e os passos
de um poeta louco de pedra
de se atirar na lua, em néctares
e uivar feito cão doido, não nego
confesso, feroz, furioso e feliz 
por saber que tenho uma casinha
como habitat: teu coração. 
E, assim, a gente poder ser cúmplice,
a domar a fera que nos traz no laço,
na régua e no compasso, 
o amor sem medida nem cortar fita
para desatar nós e cabrestos
que no peito apertam, 
de longe ou de  perto,
sem carecer encurtar as rédeas,
sem miserar o triunfo que sorri, incerto,
que logo será fumo, será pó, 
será cinza, e mais nada.

Minhas Flores desabrochadas

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