sábado, 4 de janeiro de 2014
A PALAVRA EM POTESTADE, por João Maria Ludugero
A PALAVRA EM POTESTADE,
por João Maria Ludugero.
Dia-após-dia, veio a palavra
Em lavra que subiu com o vento
Tornou-se vapor, evaporou-se
A correr dentro, fora e alto...
Era água e foi à nuvem esfiapada
No calor do verão
Sua temperança
Caiu sobre o mar
Renovada chuva, tromba d'água
No estio da esperança tardia
Dentro da palavra sol avançada
Que riscou o horizonte além
De mil tracejados iridescentes
Em arcos levados da breca
A tanger os nimbos radicais
Sem cancelar os translúcidos
Peixes dourados em realce
Presos na rede de prata...
E são tantos os corpos vazios e retos
Em busca de ar e alimento ao desvão
Até que ao fundo se deixam redobrar
Latejantes acima do aroma do abismo
Evolado na lida da corrente abissal
Que a nenhum elemento sucumbe
O mais humilde dos elementos tais
Que a tudo preenche e desmancha
E nesse diapasão em diáspora, a palavra
Que ao mais baixo procura o rol da altitude
E ao mais torto se adapta sem estanque
E depois os adoça com o mel do riacho
A palavra que dissolve o sal da terra
Acorda bons ares, açoita tempestades
E se entranha nas asas dos pássaros
A força índia que com as gaivotas voa
No seio das areias pousa a potestade
Bem ali deixa sua marca solene ávida
A palavra líquida, incessantemente
Sem moldura, esquadros ou forma
Capaz de assumir todas as formas
Mais forte que verão sobrevivente
Metamorfose do tempo advindo...
Na cura da Matéria prima da obra
Cria da alma misteriosa humana
Que a absorve e idealiza feitiços
Ao exalar com todo reforço da fé
O ímã precioso da palavra xamã!
VARZEÂNIMO! por João Maria Ludugero
VARZEÂNIMO! por João Maria Ludugero
Bem sei agora como nasceu meu entusiasmo,
Como nasce o vento entre barcos de papel,
Como nasce a água e o Vapor de uma paixão
Quando a juventude não é uma lágrima
Desembocada no salobro rio Joca...
É primeiro só um áureo esplendor
À seara do corpo em despertares,
Sílaba espessa, beijo acumulado,
Alvorecer de pássaros sem estanque.
É subitamente um estrondo,
Um grito apertado nos dentes,
Galope de cavalos num horizonte além
Onde o riacho do mel é diurno e sem naufrágio.
Já falei de tudo quanto amei. E por aí vai...Consigo, sim!
Me ater às coisas que te exponho para que tu as ames comigo:
O ânimo da juventude, o vento, a água, as pedras e as areias...
Tudo em seu tempo de resposta ao presente de dádivas,
Tudo isso dentro da ponderado e abundante 'varzeânimo'.
POEMA DA GELATINA: BENDITA DIETA JÁ! por João Maria Ludugero
POEMA DA GELATINA: BENDITA DIETA JÁ!
por João Maria Ludugero.
Seguindo o prumo de um delicioso verso
Que me guia sem fronteiras à mesa,
Viajo em linhas repletas e francas
Insistindo em crer na utopia viva
Que a vida vale em cada palavra
Dita ou imaginada,
Num antigo ânimo.
E que somente o maior sentimento
Tem o poder de eternizar em mim
Os mais (im)prováveis ensejos
Da velha infância
Que apesar de tudo,
Não de mera sina, consigo
E venho de certo dizer
Que a lida me carece em dieta...
Para assim bem viver a vida, a contento,
Apenas vivo!
E na crença, então, me rendo
Pelos entretidos e sensatos
Sabores
Da
Gelatina!
TARDES ENSOLARADAS DE JANEIRO, por João Maria Ludugero
TARDES ENSOLARADAS DE JANEIRO,
por João Maria Ludugero.
E se abrem as tardes claras de janeiro
Dentro e alto, Levam-me em seu balanço,
Encantam-me com teu encanto
Feito menino puro e arteiro.
Tardes claras, em tarde seres de luz.
De um amor sem palavras expostas,
Sem lágrimas, que encanta e conduz
Entretido no sol amar-elo em laranja
Um amor que esvoaça assim
Da perfeição alinhada por Deus,
Das flores colhidas nesse jardim
Regadas pela solene primavera
Dos teus olhos de jasmim-manga.
Tardes claras de janeiro...Olá!
Passa por mim, desata os nós da lida,
Eleva-me pro interior a catar mangas,
Cajás, cajus, umbus, pitangas e graviolas!
APRENDENDO A GOZAR A VIDA, ANTES QUE A TERRA NUA VENHA NOS COMER A CARNE, por João Maria Ludugero
APRENDENDO A GOZAR A VIDA, ANTES QUE A TERRA NUA
VENHA NOS COMER A CARNE, por João Maria Ludugero
Somos feitos de carne e osso
Com a alma à flor da pele
sendo que todo homem,
toda mulher não são tão sãos
nem assim tão santos,
mas sob hipocrisias convencionais
se culpam pela esbórnia matinal da vida,
após a precoce ejaculação consentida
todos são do mundo a ponto do clímax...
imundo é não gostar do que cintila
o gozo da palavra ereta
que eclode na língua inquieta, afoita,
sob o tesão do que falo a dentro
sem ficar à margem da vontade
de ser estar nus e felizes, a tempo
de andar desnudos, narizes em riste,
por dentro e por fora, ousando ir além,
sem vergonha de quebrar cerimônias,
carecendo deseducar(se) às vezes,
senão as coisas se perdem dentro da gente,
ficam sepultadas no cofre da compostura
e acabam por se perder, caem em desuso,
ou saem na excreção em suor, urina e fezes.
MEU BEM-TE-VIZINHO, por João Maria Ludugero
MEU BEM-TE-VIZINHO,
por João Maria Ludugero.
Como bem-te-vejo
De bem com a vida,
Eu quero de presente
Em tuas asas esvoaçar,
Seguir caminhos bonitos,
Ver o sol amar-elo de perto,
Ficar de braços abertos,
Ir de norte a sul, inteiro,
Não só de manjar e suor
Ou cubar a lida arteiro...
Me leva em tuas lindas penas,
E no ar... só nós dois apenas,
A achar o caminho pro interior...
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