Zefinha tem um sorriso doce.
Ela vê poesia até
no talo das hortaliças.
Não faz corpo mole na lida,
pega cedo no pote, na rodilha.
Vai até o salobro rio Joca
apanhar água na cacimba.
Antes toma banho de cuia,
Despe sua alma de flor
ao sol do dia de domingo.
Ensaboa-se enquanto chupa canapu.
Sua pele da cor do pecado
bronzeia a cor do dia, ávida.
Sua boca pura pimenta-carmim.
Logo fico doido, doidinho
só pra furtar seu olhar...
Chamar sua atenção,
mas ela me rouba a cena, faceira.
Eu só volto pra casa, contente
pro resto da semana, na mão
levando as sobras das abobrinhas
e dos jerimuns de pescoço.
Se falo, ela faz tchimbum
no rio das jias e caçotes...
E a sagaz perereca abre a boca afoita
e engole até o talo, de súbito,
a coaxar no riachão.