Veio a onda aos sobejos,
ressacada de tanto vai-e-vem,
e, furiosa, atirou no raso
uma concha purpúrea
advinda das profundezas do mar.
Já na praia, a concha abriu sua boca,
engoliu um grão de areia,
bebeu o orvalho do céu,
a rutilância
dos raios do sol,
a prata da lua
e o lume de estrelas.
E, por intermédio
das Luzes do Alto,
produziu a pérola
assim tão radiante e pura.
E pensar que a pérola é retirada
de uma concha grosseira,
de uma água lodosa.
E surge assim nessa versão tão bela,
tão límpida, tão rara e preciosa,
carregada de mistério
de uma certa aura
de magia que a cerca.