sábado, 13 de setembro de 2014

A VÁRZEA DO MENINO MEDONHO, por João Maria Ludugero

A VÁRZEA DO MENINO MEDONHO,por João Maria Ludugero

Oh, menino varzeano,Cabra levado na lida,Que foi astutamente guiadoNessa infância vaporizada.Garoto que entende de tudo,Rolimãs, joão-redondo,Ludugero levado da breca:Algum dia viu anum no juazeiro,Mulungus, jasmim-manga,Dama-da-noite, beldroegas?

Já sentiu a dor que a ávida roçaInjeta no desafio de uma enxada?Então, não sabes que o pastorilNascia em bornal de Joaquim RosendoE o boi-de-reis era emboladoPela ginga colorida de Mateus Joca Chico,Que se não mexesse na massa de mandioca,Bem depressa, a manipueira não escorria?

Com que boneco de mamulengo em João redondoSeu Pedro Calixto esbanjava alegriaPelas quatro bocas da rua grande,Onde um magote de meninos medonhosBurilava o furdúncio nas quadrilhas de Seu Bita?

Sempre ia saber de Antonio VentinhaO que era torresmo, tripa assada e sarapatel suíno,Sequilhos, soldas e brotes de araruta de Carmozina,Bolo-preto, puxa-puxa, raiva e carrapicho,canjiquinha de dona Zidora Paulino,Sem se queimar com grude de tapiocaNuma tigela de farofa de carne-de-solNum tacho de fogão de lenha, a paçocaFeita na batita do pilão junto com cebola-roxa,Além do gostoso cuscuz de fubá de milho zarolho,Espiar Zé Miranda não fugir de zangão zangado,Nem de cobra dos Ariscos de Virgílio Pedro,Nem do gado bravo além dos Seixos!

No olhar do sol amar-elo a ver as onze-horasE a estrela Dalva da madrugadaSe espojar dentro da aurora benditaApós as benzeduras de Ana Moita,Numa Vargem de capim, mata-pasto e juncosE se largar ruminando na tarde amena que me ninaNum degustar de coalhada, leite cru, espuma e orvalho.Deixar a roça criadeira dos galos-de-campinaTe penetrar viva seiva em néctares,Sabendo lavrar a terra com vida,Sentir a seara no cio, sem coivaras,Germinando vivência em bons aresDentro e alto do agreste verde...Rico menino que semprePôde ser irmão do rio Joca!

Saber que ali tem um riacho do Mel,Segredando à beira do rio de Nozinho,Abeirando-se em tantas confidências,A rolar de sentinela toda a infância astutaEspairecido em cantiga de bem-te-vizinho.







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