Eu acredito na força do braço
Eu pego a trilha entre a planicie e o precipício,
Caminho entre um dia conturbado outro sereno,
Compelindo-me ora ao néctar ora ao veneno,
Entre o autocontrole e o vício.
Eu enfrento meus bichos,
Dou espaço ao deslizar do tempo
Eu me movo disso, e consigo
Entre as favas contadas e o desperdício,
Entre coisas vastas e as pequenas,
Na escada dos meus erros chego ao pleno,
Vislumbro luz ao final do sacrifício,
E acho paz após o obscuro fim do túnel.
Sigo Deus mas sem seguir doutrinas,
Vejo grandeza nas coisas pequeninas,
Sei que há um escaninho em mim,
Um cofre de guardar gratidão.
Caio, levanto, ergo-me, sacudo a poeira
Choro e sorrio juntando meus pedaços,
Vou correndo os nós, desatando o essencial,
Sem carecer de ir cortando os laços,
Buscando pouco a pouco a perfeição.
Quem sabe um dia
Eu possa me doar inteiro,
Eu possa me doar inteiro,
Quem sabe através da poesia
Que me guarda em vida,
Que me guarda em vida,
Eu me sinta a salvo, bem encaixado
A bater valente noutro coração.
A bater valente noutro coração.