segunda-feira, 23 de maio de 2011

CHÃO

...



Por @LoucaDeMente

...



Escorregadio...

E o líquido escorre pelo vazio;

No vazio escorrega-se!

Embriagada de líquidos vários;

Escorrega-se e cai!



O vazio transbordava faltas...

E o visco que o mundo a transformara?

Ela mesmo escorregadia... Vadia!



E tudo escorregadio... Caiu!



Mas, ainda não terminou;

Caiu onde... e por que não parara de cair?



E neste escuro, há tantas cores!

Tantas mãos, tantas bocas, tantos líquidos e gritos...

Contidos ou não.

Gemidos espremidos, mãos estendidas e pés que buscam o chão!



Almas em suspensão!



Mas, não há mãos seguras a segurar.

Escorregadio... Escorregadias a suar;



Escorregadias como a saliva de línguas num beijo de sufocar...

Como lágrimas de dor a rolar... Como o suor após o coito afoito! Que no vazio da carne tudo insiste em ficar solto...



Livre! Liberdade que se quer refém! Liberdade que quer alguém... Quer se vender... Por bagatela, por uma porção de emoção... Por uma mão... Um olhar de perdão... Alguém que seja seu chão!



E no entanto... Tão livre!



Escorregadio... E quem nunca brincou de escorregar? Escorrega/dor!



E este vazio transbordante, este escuro tão colorido, esta solidão tão multidão; este cair sem cessar...



Escorregar sim, mas há de em algum lugar se chegar!



...







10 comentários:

Sil Villas-Boas disse...

Escorregar-se em poesias, em versos que te colocam pelo avesso. Poemizar este chão que te suporta e te aguenta.
Amiga Kel, você sabe mesmo traduzir os mistérios que perfilam na alma dos que amam.
Espero que não demores a 'jardinar'
aqui no Jardim.
Bjusss escorregáveis
Sil

João Maria Ludugero disse...

Lindo poema de palavras escorregadias.
Escorregar nas pedras lodosas limam a alma da gente.
Dói cair, mas apesar do deslize, do leito escorregadio, é justo nele que a água ganha força.
Logo, se cair na lida, não se prostre, procure curar as feridas, a pele esfolada, as dores... Tudo isso passa. Apesar das cicatrizes que ficam, das marcas por dentro. Mas pode servir de ensinamento...
Portanto, nem todo escorregão nos leva pra baixo... Pode nos tirar do abismo, do fosso, da fossa e, quiçá nos fazer arranhar a boca do céu ou morder a língua num beijo pra lá de escorregadio, atrevido, desses de bulir com a alma do ente.

Tatiana Kielberman disse...

Minha linda e querida kel...

Escorregamos, sim! O tempo todo, quando menos percebemos - e também quando temos certeza, mas não queremos assumir!

Escorregamos por medo, pavor, angústia ou imensa alegria... Porque somos humanos, enfim!

Mas a sua sabedoria foi lindamente expressa nesse texto, acima de tudo na última frase... Sempre remamos em direção a algum lugar! E o mais legal de tudo é nunca saber verdadeiramente para onde!!

Te adoro demaissss... e admiro mais ainda!

Um beijo enorme, pessoa querida!

Escorregue... mas VIVA!

paulo disse...

Um texto que nos derruba e nos levanta, sistematicamente.
Ao chão e do chão.
Agruras num passar e sorte por não ficar.
Como dizes:
"...mas há de em algum lugar chegar!"


Abraço

João Maria Ludugero disse...

Um poema assim
Escorregadiço
Vivedor,
Viver disso
Vivedeiro,
Movediço
Passadiço...
A dor passou,
Escorreu, vazou, sumiu.
De regos, escorregou no amor...
Tudo se esvai, escorregando-se
Em nós, dentro e fora de nós,
desatando nós, cicatrizando nus,
indefinidamente, ou
até o próximo escorregamento.
Por Deus, me segura, esse chão tá liso! Vou aprender por bem a escorregar, saber cair, mas como?
sabe-se lá!? Só passando por isso.
Mas se eu cair, de novo me levantarei... Assim como o Sol.
Beijos.
João, poeta.

LoucaDeMente disse...

Lindos!!!

Adoro quando alcançam minha alma!

Fascinada... E assim também posso tocar a de vocês...

E João Poeta? O que foi isto? Sinto-me honrada em inspirar-te tão belo poema...

Beijocas-pedra-sabão rs

João Maria Ludugero disse...

LoucaDemente,
Eu também sou louco de pedra...
E se as deixas assim
pelo caminho, soltas, a olho nu,
Não há como não chegar a elas,
escorregando de mansinho,
achegando-se ao teu coração
De pedra-sabão, maleável, sensível ao tato, ao toque do amor,
que se deixa fácil esculpir,
de se amoldar na forma
No entalhe que trazes
na carne viva do coração.
Teu poema me faz ins-pirado,
doido varrido, louco de sol a lua.
Disso sinto tanto orgulho: de ser assim POETA. Como é bom está aqui diante dos teus versos escorregadiços. Valeu cada escorregadela, cada pedra polida, cada limo! A vida é feita disso. E, com tudo isso,torna-se linda.
Mega abraço deslizando pelo coração a fora, por dentro da alma.
Lindo seu poema. Viu só no que dá: inspiração!

pedro peres disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

de arco-íris escorridos
pinto teu telhado
tuas paredes, tuas janelas
tuas portas e teu chão
e te faço meu lar

Beijocas-pintalgadas-de-cor
@CavaleiroMonge

LoucaDeMente disse...

Obrigada Sil... por me deixar com meus devaneios por seu jardim passear... Não vou esquecer os momentos mágicos que vivo aqui...

E agora encantada... fascinada com a presença e com/partlhamento deste ser que tanto admiro...

Beijocas-na-alma doce Cavaleiro... Pedro!

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