Soneto de um domingo - Vinícius de Moraes
Colaboração: Sidarta Reis
Em casa há muita paz por um domingo assim.
A mulher dorme, os filhos brincam, a chuva cai...
Esqueço de quem sou para sentir-me pai
A mulher dorme, os filhos brincam, a chuva cai...
Esqueço de quem sou para sentir-me pai
E ouço na sala, num silêncio ermo e sem fim,
um relógio bater, e outro dentro de mim...
um relógio bater, e outro dentro de mim...
Olho o jardim úmido e agreste: isso distrai
Vê-lo, feroz, florir mesmo onde o sol não vai
A despeito do vento e da terra que é ruim.
Na verdade é o infinito essa casa pequena
Que me amortalha o sonho e abriga a desventura
E a mão de uma mulher fez simples, pura e amena.
Deus que és pai como eu e a estimas, porventura:
Quando for minha vez, dá-me que eu vá sem pena
Levando apenas esse pouco que não dura.
4 comentários:
Pra uma segunda, até que tá bonzinho rsrsrs.
Belo escrito do Vinícios.
Abraço, Sil
Eu sou fã do Poetinha. Gosto das suas poesias, muito mesmo. Leio e me sinto a passear dentro do poema. Como pode a poesia nos abrir a alma assim... isso é formidável! Uma (b)ótima semana a todos. Saúde e que venha a alegria já a partir desta segunda-feira! Beijos en/girassol/arados,
João.
O poetinha descrevendo com ninguém a contemplação de um domingo chuvoso. Demais.
Que delícia de texto para iniciar a semana!!
Amei! E me senti até mais leve...
Beijos, queridos!
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