Tenho sede insaciável
de sentir o que as palavras
têm a me dizer. Já amanheço
com o gosto delas nos olhos,
consentidas ou não,
alvoreço de boca seca
e logo me alivio,
ao compartilhar dádivas advindas
da luz que entra e me desenha
sentidos em cores vivas
que não deixam secar
a força do coração e a nitidez da mente.
Escrevinho sempre com o ânimo
de quem está para reverdecer
e quem risca pensando,
caminho os olhos numa lida
que me dá a sorte de ganhar o mundo,
com as mãos sempre ávidas,
dispostas a compor
versos e reversos,
num universo sem rimas.
É por isso que só escrevo
e não me sinto só, leio-me,
invento casas, crio asas
e passo a correr dentro, de súbito,
até quando me ponho na cela
depois de tantas luas,
mas tão logo me liberto ao acordar
sob os primeiros raios de sol.
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