terça-feira, 11 de novembro de 2014

CANTIGA PARA VARZEAMAR, por João Maria Ludugero

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CANTIGA PARA VARZEAMAR,
por João Maria Ludugero

Se um dia fores embora,

Não te esqueças da água verde-musgo 
que molha o paredão do açude do Calango.
E queiras nunca esquecer de levar sabores e temperançasem possantes delícias de beijus, mungunzás, grudes de coco, tapiocas, quebra-queixos, puxa-puxas, cocadas, raivas, carrapichos sonhos em papos-de-anjo e algodão-doce, línguas-de-sogra, soldas, 
regalias, brotes, bolos-pretos e de fubá, babau de batata-doce, 
dindim de coco-queimado, paçoca-de-amendoim e do cuscuz de milho-zarolho...
Se acaso não puderes os carregar na memória,
então, faças igual a este menino levado da breca,
carregue tudo no sagrado nicho do coração.

E ainda assim, se no peito não puderes por acaso os levar, 
quebre o pote da fantasia e os carregue de banda, 
num jeito inteiramente astuto, 
em acordes de sonhos espairecidos no pensamento
queira os transportar leves em suas lembranças.

E se aí assim também não os couber, 

amorteça as dores do meu inexaurível coração partido, afoito
por tanta coisa da Várzea que guarda como relicário,
ainda tão ávido e vivaz em seu arquivo-vivo de ideias. 

Eu: continuo aquele tão terno João Maria Ludugero, 

tão maduro e ainda tão menino, 
a bolar o futuro combinado 
desde a velha infância 
que não se apaga no esquecimento.

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