quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Despedida

Cecília  Meireles

Por mim, e por vós, e por mais aquilo 
que está onde as outras coisas nunca estão,
 
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
 
quero solidão.
 

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
 
E como o conheces? - me perguntarão.
 
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
 
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
 

Que procuras? Tudo. Que desejas? - Nada.
 
Viajo sozinha com o meu coração.
 
Não ando perdida, mas desencontrada.
 
Levo o meu rumo na minha mão.
 

A memória voou da minha fronte.
 
Voou meu amor, minha imaginação...
 
Talvez eu morra antes do horizonte.
 
Memória, amor e o resto onde estarão?
 

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
 
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
 
Estandarte triste de uma estranha guerra...)
 
Quero solidão.

4 comentários:

Suzana Martins disse...

Ah Cecília Meireles que é minha metade e que escreveu tudo que um dia eu iria sentir!!!!

Beijos querida!!!^^

Rosamaria disse...

Perigoso é a gente se aprisionar no que nos ensinaram como certo e nunca mais se libertar, correndo o risco de não saber mais viver sem um manual de instruções.

Beijos!
Tenha um lindo dia.
Até mais ler ;)

Tatiana Kielberman disse...

Sil, querida...

Muitas vezes, Cecília traduz bem melhor a nossa alma do que nós mesmos somos capazes de fazer!

Poesia perfeita, com versos intensos e mais do que perspicazes ao momento...

Mas, que a solidão seja breve, pois breve é o existir!

Beijos, amada!

Jocasta Maciel disse...

A cecília é incrivel, adoro ela, sempre descrevdo sentimentos que todos nós somos capaz de sentir!!

essa parte aqui é muito tocante, chegar dói:

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.


beijos adorei o post!

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