segunda-feira, 28 de março de 2011

QUEBRA-POTES














QUEBRA-POTES
Autor: João Maria Ludugero

E lá vai o cabra da peste
De olhos vendados.
O corpo semitonto, ariado.
Na cabeça do menino sonhos,
E uma vontade avassaladora
De acertar o pote,
De quebrar a matéria
Só pra ver o que tem dentro dele
Quiçá ir ao encontro
Do sonhado tesouro agreste
Ou simplesmente se achar
O mais rico dos homens,
Dono de preciosa botija.
De repente: um estouro.
Cacos pra todos  os lados,
Fragmentos por toda parte
E de outra banda
Ainda resta esperança,
A tão esperada sentença
Das horas corridas
De se quebrar a cabaça,
Conduzido que seja
Debaixo de vara
Até rachar a fantasia
Abrindo as comportas,
Ao se achar na poesia
Em meio a coloridos papéis
De bala
Que o tempo incansável
Espalha do obscuro a dedo
Pelo vão do destino afora.
Tudo isso acontece, de súbito,
Ao ser quebrado o pote
De ouro de tal sorte, sem medo
Que faz acreditar o menino
Poder ir mais longe do que vê,
Não só até aquele chão do poste.
Tomara risonho possa ir além
do sonho imbatível!
Que aposte na escolha
De chegar lá, ciente
De que escolher
É não abrir mão
Do impossível sonho.
Afinal, quem foi que disse
Que há sono tão pesado 
Que a gente não possa despertar,
Que a gente não possa acordá-lo
Só pra sonhar de novo?
Logo, de bom alvitre, por que não tentar 
Abrir o olho, intuir a meta, o objetivo
Errando ou não a mira, não desesperar,
Meter a vara, na tentativa de quebar o pote,
Arrebentá-lo, mas sem deixar que a fantasia acabe! 

4 comentários:

Tatiana Kielberman disse...

Olá, João!

Mais um belo poema, repleto de criatividade e muito original!

Parabéns!!

Beijos!

Sil Villas-Boas disse...

Bom dia João.

Linda metáfora para ser aplicada em nosso viver. Vamos quebrar nossos potes e sem esquecer a fantasia.
Bjussss
Sil

paulo disse...

Será que não seria melhor deixar o pote como ele está?
Se quebarmos todos os potes faltarão varas e se faltarem varas sobrarão potes, então...
É só uma opinião.

Gostei, Sil, também, da metáfora.

Abraço, João

João Maria Ludugero disse...

Caro Paulão,
Tá se vendo que você tem lá suas manhas, em se tratando de potes e varas. Risos!!!
Eu já me acabei de rir com seus comentários. Mas, pensando bem, se se faltar vara para arrebentar o pote, a gente improvisa e arranja um jeito, uma maneira 'varonil' de lascar o pote pra saber do oco da potabilidade. Pode até trocar os pés pelas mãos. Há outros que tentam na testa etc, tem gente que usa a força da mente até rachar o crânio, digo o pote. Certa feita, uma colega era detentora de tanta energia, que ao ter mão de um pote, estilhaçou-o em cem pedaços só com um simples toque. Essa até já casou três vezes. Os dois primeiros maridos, não aguentaram o tranco e desistiram da rodilha. É preciso ter muita habilidade para conduzir o pote e não perder a vara, digo, o pote. Muita coisa sobra, sobeja, outras faltam, exaurem-se. Mas um dia tudo quebra. Contanto, que prevaleça a fantasia. Porque sem ela aliada à utopia, o caminhar não seria tão colorido. Não é mesmo?
Hiper abraço.

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