O ovo do pintassilgo
Fecunda o tempo...
Fecunda o tempo...
O pássaro das horas
Mergulha fundo
No açude da memória.
Ensaia um voo rasante
Da velha infância à maturidade,
Só para trocar as penas.
Depois, abre os olhos
Para fugir do alçapão
E do abate das pedras de atiradeira.
Mas se um estilingue o acerta em cheio
No alvo, ele sangra que sangra baleado.
E cuida de sobreviver, conserta-se.
Por si só, trata logo de se recompor,
Por si só, trata logo de se recompor,
Apesar da asa quebrada.
De sorte, ainda lhe resta uma para decolar...
Ainda bem que traz em si um coração-moela
Que, amiúde, o ajuda a triturar as perdas.
E, outra vez alado, reaviva-se ao concerto:
Junta aqui e acolá os pedacinhos
Junta aqui e acolá os pedacinhos
E acerta o (en)canto, refeito dentro do alto.
Permanece então maravilhado,
No aguardo do eterno instante
Em que irá se deitar, de certo,
Assim como adormece o dia
No crepúsculo que bebe o açude.
2 comentários:
João, querido pássaro poeta.
Que seus vôos poéticos ao infinito sejam cada vez mais altos.
Bom fim de semana.
Sil
Obrigado, amiga Sil!
Grande fim de semana com saúde e bons fluidos. Voemos alto a partir do centro do coração! Hiper abraço.
João Ludugero
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