MANADA, 
 por João Maria Ludugero
E lá se vai o gado a pastar, pastoreado.
 A ruminar, mastigar seu sustento, sem pressa. 
 E lá se vem a manada a beber no açude sua sorte 
 Por entre arames farpados, marcas e carrapatos. 
 E o gado suporta marcas de ferro em brasa, de fato, 
 Limitado a cercas, cancelas e mata-pastos. 
 A viver sua sina, a comer a ração propícia 
 A prosseguir no rastro, no manejo do leite, 
 Passo a passo, domesticada mente, 
 A esperar a triste choupa certeira 
 À custa do destino que não escolheu. 
 Com o azul do céu no pensamento 
 Por ter o verde chão sob os pés, 
 O gado faz do capim seu vasto legado 
 E, sem saber, nem de longe por instinto, 
 De sua possante força de estouro e raça, 
 Engorda para o corte às arrobas em alta, 
 E assim, resignado, a ferro e a fogo, 
 Prepara-se para a morte súbita 
 Em seus currais de confinamento.

Nenhum comentário:
Postar um comentário