sábado, 15 de dezembro de 2012

FEITIÇO DE MARIPOSAS, por João Maria Ludugero


Mariposas
esvoaçam sob a luz
à procura de orgia
num ritual de orgasmo e feitiço
com jeito de Maria-vai-com-os-outros.
Mariposas assanhadas,
sacudidas ao brilho
esvoaçam a soltar purpurina,
à cata de matar a sede 
sob o rescender inocente
dos jasmins-manga.
Borboletas azuis cruzam 
à penumbra 
feito meretrizes ensandecidas,
que sentenciadas 
fazem programa de mérito
no jardim do juízo, por fim,
expostas ao trânsito em julgado
sob a sanha de colibris afoitos, 
tão promíscuos,
que adejam sobre rosas,
sugam margaridas e orquídeas, 
quase sempre vivas,
beijam marias-sem-vergonha.
E todo santo dia no éden é assim:
Um canjerê de damas-da-noite
nesse banho de prata sob a lua
que toma conta do meu jardim.

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