LUZES DE OPALAS,
por João Maria Ludugero
Não só de manjar ou cubar a lida,
Mas passeio por uma praia ensolarada,
Onde búzios e conchas de âmbar percorrem
Areias de salobras águas do mar,
Consentida matriz dos meus sentidos
Atentos à tua estrela acordada,
Que me nina ao entardecer ameno
Sem lusco-ofuscar meu ânimo
Em receber a noite espairecida
Com o acorde de radiantes estrelas...
Achego-me a Deus neste areal-vida,
Onde as marés rumorejam impactantes
Perto das dunas recém-adormecidas.
Não pressinto nem a vida aquarelada em pedras
Aceito abrir todas as cancelas às amarrações do amor
Avanço dentro e alto pelas cidades-perdidas-fechadas
No limo verde-musgo do velho cimento, emparedado
( Sou, assim, marejado em preciosas opalas)
Lágrimas de felicidade não desertam o sol da lua
Prateando meu interior enluarado a contento
A ofuscar toda cor das opalas do pensamento…
Meus passos repisam as escamas de prata, em avanço,
E eu sobrevoo agarrado às espumas dos ventos de outrora,
Nas horas derradeiras de alinhados lenços brancos
De prantos ensopados de adeuses na dança das luzes
Onde ainda soa a cantiga desse bailado louco
Que não me atiça a dançar sob um chão de areias
Na ávida temperança de espalhados jasmins,
É que a alegria se manteve em orientes fantásticos
Em lagos-sem-fim, onde os nenúfares se colorem
Numa espairecida viagem a acalentar meu coração partido…
Daí teço um poema que mistura a terra com os bons ares
Do respirar-fogo-na alma das águas da poesia de engenho
À tônica procura de opalas da minha manhosa manhã para renascer,
Dessas alvorecidas que chegam a me assanhar até os pelos da venta!
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