domingo, 12 de janeiro de 2014

MEMÓRIAS DE VÁRZEA-RN: DIRETO DO INTERIOR DA RUA GRANDE, por João Maria Ludugero

MEMÓRIAS DE VÁRZEA-RN: 
DIRETO DO INTERIOR DA RUA GRANDE, 
por João Maria Ludugero.

Toda rua tem seu curso,
Tem seus becos e arestas 
Por onde passam a memória 
Lembrando histórias de um tempo 
Que nunca se acaba... 
De uma rua, de uma rua grande 
Eu recordo agora dessa rua 
Que o tempo ainda ventila, 
Mas quase ninguém mais canta, 
Ninguém mais se acalenta, 
Nem mesmo a Mulher que Chora... 
Muito embora eu insista em lembrar 
Desse espaço de cordas 
E de cirandas em festas 
(E quantas cordas apimentadas pulamos?), 
E de um magotes de meninos correndo 
Atrás de cocadas, pirulitos e pitombas 
A adentrar pela feira de domingo, 
Atrás de rolimãs a correr dentro, 
A tocar bandas no dia 7 de setembro, 
E com o rio Joca do verde coqueiral, 
Rio manso e de cacimbas 
Que passava abaixo da rua 
E molhava seu lajedos, 
Onde a noite refletia 
O brilho manso da rua, 
No tempo claro da lua de São Jorge... 
E na fogueira de São João era bom demais 
Com as quadrilhas de Seu Bita Mulato... 
Eita rua grande do bar de Biga, da papa em bar. 
É Várzea passeando em acesos folguedos, 
Separando a minha rua grande 
Das outras da seara potiguar, 
Mesmo de longe, vivo pensando nela 
Meu coração de menino medonho 
Bate forte como um sino 
Que anuncia procissão com o andor 
De São Pedro Apóstolo... 
É a rua do meu povo, 
É gente que ali nasceu 
Pelas mãos de Mãe Claudina... 
É meu pai Odilon, é Cícero Paulino, pai do Picica, 
É Dona Zilda Roriz que já foi morar com Deus, 
É Silva Florêncio que plantou acácias na Várzea, 
É João Maria Ludugero, este menino varzeano 
Que teve o peito ferido 
Anda vivo, não morreu... 
É Xibimba de Lucila de Preta, 
É Manoel de Ocino de Santina, 
E o meu tempo de brincar nas sinucas de Seu Lula... 
Já se foi embora, não ainda não! 
É rua da pedra, rua do arame, 
É Travessa Brasiliano Coelho, 
É rua da Matança, que me lembra da carne de sol, 
E tudo passando pela rua grande 
Até agora... 
Agora por aqui estou 
Com uma vontade danada, 
E já me volto ao lugar pra matar 
Essa saudade tamanha de Várzea, Cidade da Cultura. 
É oração a São Pedro Apóstolo, é tremenda devoção... 
É a rua do coração!

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